Os "herdeiros da escravatura" do império colonial português

©Pedro Matos
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Em pleno regime de Oliveira Salazar, nos anos quarenta do século XX – eram Cabo Verde e São Tomé e Príncipe ainda parte do império português – colonos lusitanos transportaram homens e mulheres cabo-verdianos para o trabalho nas roças de café e cacau são-tomenses. Vivia-se, então, um momento de particular fragilidade em Cabo Verde: a fome ameaçava de morte a população que, em nome da sobrevivência, se viu forçada a aceitar a "proposta de trabalho" do estado português. "Apesar de cientes do interesseiro aproveitamento da sua situação de desgraça, os cabo-verdianos abraçaram o contrato que lhes foi oferecido, envoltos numa mescla de sentimentos díspares, motivações variadas e sonhos de prosperidade nas terras férteis de São Tomé e Príncipe", pode ler-se na sinopse do projecto fornecida pela Leica Store do Porto, onde será exibida a série de fotografias "Herdeiros da Escravatura", a inaugurar a 6 de Julho, pelas 18 horas. Esta "fonte inesgotável de recursos", como apelidou este grupo o fotógrafo Pedro Matos, dedicou sangue, suor e lágrimas ao desenvolvimento de São Tomé; actualmente, os últimos colonos – em conjunto com os seus filhos e netos – permanecem nas mesmas ilhas para onde foram transportados e "afirmam preferir morrer a abandonar". O fotolivro do projecto, fruto da colaboração entre o escritor angolano Luis M. Neves e do fotógrafo aveirense, contém testemunhos na primeira pessoa dos últimos "contratados" do regime português e pode ser adquirido através do website do projecto.

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