A zanga de Juncker e outros momentos ridículos no Parlamento Europeu
Do carisma de "pano húmido" de Van Rompuy ao humor pouco subtil de Berlosconi, o Politico recorda alguns momentos controversos vividos no Parlamento Europeu.
"Ridículo, completamente ridículo". Estas foram as palavras que o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker, reservou para um Parlamento Europeu praticamente vazio, esta terça-feira, durante uma sessão com o primeiro ministro de Malta, Joseph Muscat. Segundo a contagem de Juncker, só estavam presentes 30 dos 751 eurodeputados efectivos.
"Se em vez de Muscat estivesse aqui Angela Merkel ou Emmanuel Macron, a sala estaria a transbordar", criticou Juncker. O "ralhete" do presidente da Comissão Europeia suscitou uma reacção do presidente do Parlamento Europeu, Antonio Tajani: “Pode criticar o Parlamento, mas não é função da Comissão controlar o Parlamento – é o Parlamento que tem de controlar a Comissão”. “Não somos ridículos”, respondeu.
A propósito deste momento caricato, o jornal Politico elegeu outros cinco momentos controversos vividos nos últimos anos no Parlamento Europeu.
Berlusconi e o insulto nazi a Martin Schulz – 2013
Foi no decorrer de uma sessão parlamentar em Estrasburgo que o então primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, atacou de forma pouco subtil Martin Schulz, eurodeputado social democrata alemão que viria mais tarde a liderar o Parlamento Europeu.
Durante uma intervenção a 2 de Julho de 2013, Berlusconi arriscou a sátira e disse que havia uma produtora em Itália que estava a fazer um filme sobre campos de concentração nazi, e que ele iria sugerir o nome de Schulz para um dos papéis dessa trama – o de kapo, o guarda nazi do campo de concentração.
Schulz indignou-se: “O meu respeito pelas vítimas do fascismo proíbe-me de dizer o que quer que seja sobre isso”. "É difícil aceitar que o actual presidente do Conselho em funções, à mínima objecção durante um debate, perca as suas maneiras", disse ainda.
Berslusconi voltou a intervir, dizendo que era apenas uma piada. “Se não é capaz de entender ironia, lamento”, afirmou.
O carisma de "pano húmido" de Herman Van Rompuy – 2010
O eurocéptico britânico Nigel Farage, então líder do Partido da Independência do Reino Unido (UKIP, na sigla inglesa), atacou Herman Van Rompuy, à data Presidente do Conselho Europeu, dizendo que este tinha carisma de um “pano húmido” e a aparência de um “banqueiro de baixo estatuto”. O momento controverso aconteceu a 24 de Fevereiro de 2010.
Farage iria ainda mais longe. “Quem é você?”, perguntou durante a sessão parlamentar. “Nunca ouvi falar de você, ninguém na União Europeia ouviu falar de si”, acrescentou.
O político da direita radicial atacaria ainda a Bélgica de Van Rompuy, dizendo que esta não era sequer um país.
Um conde perdido no tempo – 2012
Outro membro do UKIP, William Legge, conde de Darthmouth, foi humilhado na resposta a um ataque ao ecologista franco-alemão Daniel Cohn-Bendit, a 12 de Setembro de 2012. “Porque é que não consegue entender que o federalismo, as regulações europeias e que os desperdícios do orçamento europeu não são a cura para a doença europeia, mas sim a sua causa?”, questionou Legge.
“Conde de Dartmouth, porque não consegue entender que o tempo dos condes terminou?”, ripostou Cohn-Bendit. “Eles não são a solução da democracia, consegue entender isso?”, acrescentou.
“Consegue entender o mundo moderno, conde?”, provocou ainda.
O ataque de Verhofstadt a Tsipras – 2015
Guy Verhofstadt, líder liberal belga, protagonizou um dos mais notáveis ataques em tempos recentes ao criticar o primeiro-ministro Alexis Tsipras no Parlamento Europeu, a 8 de Julho de 2015: "Os gregos fizeram enormes esforços, é verdade, mas esse não é o problema. O problema é que a classe política grega não fez o suficiente".
Verhofstadt acusou Tsipras de muito falar sobre reformas mas de pouco mostrar: "Nunca vemos propostas concretas".
“Estamos a caminhar como sonâmbulos em direcção ao Grexit [a saída da Grécia da União Europeia]”, dizia então, responsabilizando a "inactividade" de Tsipras pelo agudizar da crise grega.
Dois anos depois, a Grécia de Tsipras continua na UE. E em crise.
O machismo de Janusz Korwin-Mikke – 2017
Para além da zanga de Juncker, o caso mais recente recordado pelo Politico ocorreu no início deste ano e foi protagonizado pelo eurodeputado polaco Janusz Korwin-Mikke.
A 2 de Março, Korwin-Mikke defendeu que "claro que as mulheres devem ganhar menos que os homens, porque era são mais fracas, mais pequenas e menos inteligentes que os homens".
As declarações foram naturalmente mal acolhidas pelos restantes eurodeputados, e em particlar pelas mulheres. A socialista espanhola Iratxe García-Perez afirmou: “Sei que lhe dói e preocupa que hoje as mulheres possam estar a representar os cidadãos em igualdade de condições". “Venho aqui defender as mulheres europeias de homens como você”, disse.
O deputado polaco foi acabou por ser suspenso.