Polícia brasileira prende o traficante mais procurado da América Latina

Conhecido como “Cabeça Branca”, era o principal fornecedor dos grandes cartéis que dominam o narcotráfico brasileiro. Era procurado há mais de 30 anos.

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Luiz Carlos da Rocha no momento da detenção Polícia Federal
Luiz Carlos da Rocha submeteu-se a várias operações plásticas
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Luiz Carlos da Rocha submeteu-se a várias operações plásticas EPA/FEDERAL POLICE OF BRAZIL / HAND

Há já algum tempo que os agentes da Polícia Federal (PF) brasileira sabiam que um homem que se identificava como Vitor Luiz de Moraes, um comum habitante da cidade de Sorriso onde trabalhava numa pequena produção agropecuária, no estado do Mato Grosso do Sul, era na verdade Luiz Carlos da Rocha, um dos traficantes mais procurados de toda a América Latina. Parecia ter vinte anos a menos do que os 60 que já conta. As feições do rosto tinham mudado, o cabelo branco – que lhe dera a alcunha de “Cabeça Branca” – era agora negro.

Mas bastou uma rápida operação da PF, na manhã de sábado, para que o homem que há 30 anos escapava às forças de segurança fosse finalmente detido. Rocha estava em casa, com a mulher e um filho, e não resistiu à detenção, apesar de ter consigo uma arma, diz o site de notícias UOL.

“Ele é uma lenda do narcotráfico”, afirmou o superintendente regional da PF no Paraná, Rosalvo Ferreira Franco, durante uma conferência de imprensa. “Estou há 32 anos na PF e desde que entrei que se falava no Cabeça Branca”, acrescentou o responsável.

A rede liderada por Rocha terá sido responsável pela entrada de entre três e cinco toneladas de cocaína pura no Brasil. A droga chegava às quintas que o traficante possuía no Mato Grosso – a partir daí, parte era fornecida aos grandes grupos que dominam o narcotráfico brasileiro, e o resto seguia para os EUA e a Europa, através da América Central.

Em fuga às autoridades há 32 anos, Rocha era também procurado pela Interpol e já tinha sido condenado a 50 anos de prisão em três processos – embora nunca tenha passado um dia preso. Calcula-se que tenha acumulado um património de cem milhões de dólares (87 milhões de euros). A polícia fez também uma busca numa casa que é propriedade de Rocha em Osasco, perto de São Paulo, e confiscou dois milhões de dólares em notas que estavam dentro de várias malas.

Ao contrário de grande parte dos barões da droga sul-americanos, Rocha não é considerado violento e conseguiu funcionar como uma espécie de “embaixador” entre os dois grandes cartéis que dominam o tráfico de droga brasileiro, o Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital. “A guerra das facções estourou e ele continuava imune, justamente pela boa relação diplomática que tinha com todas as facções nacionais e internacionais”, explicou ao El País o responsável pela investigação, Elvis Secco.

A detenção foi o produto de uma investigação que durava há um ano e que envolveu 150 efectivos da PF espalhados por várias cidades. Foi ainda detido Wilson Roncarati, considerado o braço direito de Rocha, na cidade de Londrina, no estado do Paraná.

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