Qatar rejeita exigências mas quer dialogar “nas condições certas”

Ministro dos Negócios Estrangeiros diz aquilo que se esperava: os qataris estão dispostos a conversar mas não de joelhos.

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O ministro dos Negócios Estrangeiros do Qatar, na conferência de imprensa em Roma Alessandro Bianchi/Reuters

A mais grave crise em décadas no Golfo Pérsico ainda não se aproxima do fim: como era mais do que esperado, o Qatar rejeita a lista de 13 exigências que lhe foram feitas pela Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egipto, os quatro países que impõem um bloqueio à pequena nação desde 5 de Junho.

“A lista de exigências vai ser rejeitada, não pode ser aceite”, afirmou aos jornalistas em Roma o ministro dos Negócios Estrangeiros de Doha, xeque Mohammed bin Abdulrahman al-Thani. “Estamos disponíveis para dialogar, mas sob as condições apropriadas”, acrescentou.

A lista de 13 exigências foi apresentada aos dirigentes qataris pelos líderes do Kuwait, que tentam mediar a disputa, no dia 23 de Junho. Ali se lia que o Qatar tinha dez dias para aceitar fechar a televisão pan-árabe Al-Jazira, encerrar uma base turca no país, diminuir muito as relações com o Irão e pagar “indemnizações por perdas de vidas ou financeiras causadas pela política do Qatar”.  

Claro que nenhum país poderia ceder a imposições que na prática ditam a sua política externa – ainda que as autoridades qataris digam que querem discutir as queixas dos vizinhos e aliados (Riad, Abu Dhabi e Manama são igualmente membros do Conselho de Cooperação do Golfo – os restantes membros, Kuwait e Omã, decidiram permanecer neutrais nesta crise).

Os quatro países que encerraram fronteiras (a única terrestre, com a Arábia Saudita; marítimas e aéreas) com o Qatar acusam o país de se ter afastado dos aliados árabes sunitas, alinhando mais com os objectivos do Irão, financiando grupos terroristas (referem a Irmandade Muçulmana egípcia, que Riad ajudou a derrubar do poder no Cairo; o Hezbollah libanês e o Hamas palestiniano) e mantendo contacto com reformistas e opositores políticos de todos estes países.

Através do secretário de Estado, Rex Tillerson, os Estados Unidos, que têm no Qatar a sua base mais importante na região e a sede do seu comando regional (CENTCOM), têm-se dito "atónitos" com o corte de relações e apelado a uma "negociação razoável" entre as partes, todos países aliados de Washington.

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