Detido o organizador do festival nas Bahamas que terminou em fiasco

Prometia-se praias de areia branca, bungalows de luxo, modelos bonitas, artistas famosos e refeições gourmet no Fyre Festival. Era tudo um embuste.

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Billy McFarland, o organizador norte-americano de um festival de música nas Bahamas que se apresentava como uma espécie de Coachella para milionários mas que colapsou antes sequer de começar, foi detido na sexta-feira em Nova Iorque, noticia o New York Times (NYT).

O promotor do Fyre Festival foi detido no seu apartamento em Manhattan por agentes do FBI.

Em causa, aponta o diário nova-iorquino, estão suspeitas de fraude financeira. McFarland é acusado de ter defraudado dois investidores em mais de um milhão de dólares, mentindo sobre a natureza e a robustez financeira das empresas Fyre Media e Fyre Festival LLC, organizadoras do festival. O norte-americano terá ainda mentido sobre as suas próprias finanças: alegou ter facturado milhões em 2016, quando na verdade fez menos de 60.000 dólares com o agenciamento de 60 artistas. O empresário arrisca agora até 20 anos de cadeia.

“William McFarland prometeu um festival musical único na vida, mas na verdade organizou um desastre. McFarland apresentou alegadamente documentos falsos para levar investidores a injectar milhões de dólares na sua empresa e no fiasco chamado Fyre Festival”, lê-se num comunicado da procuradoria do sul de Nova Iorque citado pelo NYT.

Como o PÚBLICO referiu em Abril, o Fyre Festival conquistou fama mundial pelas piores razões. Espectadores que tinham pago avultadas quantias pela promessa de uns dias entre iates, praias de areia branca, modelos bonitas e artistas de renome mundial, no paradisíaco cenário das Bahamas, acabariam por aterrar num cenário bem-diferente: um acampamento sem luz e sem comida.

O evento aspirava a tornar-se uma referência no roteiro dos festivais musicais e promoveu-se à custa do anúncio da presença de figuras como as modelos Bella Hadid e Kendall Jenner, prometendo prolongar-se por dois fins-de-semana, numa ilha privada, e com direito a passar a noite em iates privados. Do cartaz faziam parte nomes como Major Lazer e Disclosure.

Chegado o momento, os prometidos bungalows de luxo eram afinal tendas anteriormente utilizadas para acolher vítimas de um furacão. As anunciadas refeições confeccionadas por chefes de renome internacional não passavam de pequenas sandes. A ilha tropical mostrada nos anúncios era afinal um terreiro inóspito dominado por cães selvagens, e não havia condições elementares de segurança e de higiene. Nomes do cartaz (também este muito aquém do prometido) como os Blink 182 acabariam por cancelar as actuações, alegando o incumprimento das condições contratualizadas.

Na altura, McFarland justificou o fiasco com o mau tempo, que teria prejudicado a preparação do festival na semana anterior ao evento. No entanto, membros da organização afirmam que o desastre se adivinhava muitos meses antes do festival, perante a falta de condições financeiras e logísticas.

Para além da revolta expressa através das redes sociais, os espectadores defraudados avançaram para os tribunais, havendo registo de um processo onde o pedido de indemnização ascende a 100 milhões de dólares.

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