“Acredito que se regresse aos monocascos na próxima America’s Cup”

Adam Minoprio está na Madeira, a competir na Extreme Sailing Series, e elogia o “potencial tremendo” da etapa portuguesa.

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Jesus Renedo

Com o regresso do circuito Extreme Sailing Series ao Funchal, estarão a competir até amanhã, na Madeira, alguns dos mais reputados velejadores mundiais, como o suíço Arnaud Psarofaghis ou o austríaco Roman Hagara. No entanto, há um nome que tem feito a diferença nas águas madeirenses: Adam Minoprio. O mais jovem campeão do mundo de “Match Racing”, que terminou a Volvo Ocean Race 2011-12 no segundo lugar, falhou a 2.ª etapa da competição por estar nas Bermudas a competir na America’s Cup, mas com o regresso do neozelandês ao “leme” da SAP Extreme Sailing Series, a superioridade do barco de bandeira dinamarquesa na baía do Funchal tem sido evidente. Com 32 anos e um currículo de respeito, Minoprio mostra-se agradado com as condições que encontrou na Madeira e não esconde a ambição de participar na próxima America’s Cup que, com quase toda a certeza, será disputada na Nova Zelândia.

É a primeira vez que está a competir na Madeira. Como tem sido a experiência?
A enorme montanha a norte da baía do Funchal, de onde habitualmente vêm os ventos, torna tudo muito interessante. Estou a gostar de estar aqui. A ilha é muito agradável, a paisagem montanhosa é bonita e está a ser um palco fantástico para uma etapa da Extreme Sailing Series. Nós entramos em todas as regatas com o objectivo de ganhar e é isso que queremos fazer na Madeira. A concorrência é boa e a luta será excelente até ao fim.

Quais as principais dificuldades que têm encontrado?
O vento aqui é traiçoeiro, o que torna tudo mais difícil. É preciso estar no local certo, à hora certa. Mas o potencial da Madeira para a vela é tremendo e tem sido muito interessante.

Tem um currículo muito preenchido, com participações nas principais provas de vela. Em qual é que se diverte mais?São provas muito diferentes. Na Volvo Ocean Race a prova é longa e damos a volta ao mundo; na America’s Cup temos tecnologia de topo; na Extreme Sailing Series são corridas curtas e divertidas. Seria difícil escolher uma.

E se tivesse que escolher uma para competir até ao final da carreira…
É uma pergunta muito difícil. Não faço ideia… Talvez a America’s Cup, por estar sempre a mudar. Numa edição é multicascos, na seguinte já pode ser monocascos. Isso torna-a numa prova interessante e estimulante.

Que balanço faz da partição da Groupama Team France na 35.ª America’s Cup?
Não tivemos muito tempo para nos prepararmos, mas a nossa prestação superou as expectativas. Conseguimos vencer a Artemis Racing e a Land Rover BAR. Num balanço final, a equipa ficou muito satisfeita com o resultado e aprendemos todos muito com esta participação. Todos os membros da equipa têm que estar orgulhosos com a prestação que tiveram nas Bermudas.

Surpreendeu-o a forma como a Team Zealand derrotou a Team USA na America’s Cup?
Fiquei maravilhado por a diferença ter sido tão grande [7-1]. Da edição anterior para esta todos aprenderam muito, as diferenças entre os parâmetros dos barcos eram menores, mas os “kiwis” estavam um patamar acima de todos os outros. A forma como conseguiram ganhar coloca-os noutro nível.

Qual foi o segredo para atingirem esse nível?
Tinham pessoas muito inteligentes a trabalhar na equipa, seja na parte de design, dos foils, do controlo de sistemas ou de hidráulica. Em todos os aspectos conseguiram ser melhores.

Os neozelandeses vão escolher a data e o formato da próxima edição. Como será?
Acredito que se regresse aos monocascos, o que será interessante. Um pouco à semelhança do que irá acontecer na Volvo Ocean Race: monocascos com foils. Mas é imprevisível. Será interessante ver o que acontecerá e espero conseguir um emprego na próxima edição para trabalhar e viver na Nova Zelândia. Seria a primeira vez em dez anos (risos).

O contrato que tinha com a Groupama Team France é válido para a próxima edição?
Não.

Com a vitória da Team New Zealand, é provável que na próxima edição a Luna Rossa volte a participar. Chegou a ter um acordo para integrar a equipa italiana. É possível haver um novo entendimento para a 36.ª America’s Cup?
Quem sabe. Mas só me preocuparei com isso mais tarde. Neste momento estou concentrado na Extreme Sailing Series, na qual estarei até ao fim do circuito, e em navegar no meu veleiro.     

E um regresso à Volvo Ocean Race? Está nas suas prioridades?
Não devemos dizer nunca, mas com os actuais barcos será difícil. A Volvo é uma corrida muito difícil. Dependeria dos barcos, das paragens, do tempo que iria demorar. No actual formato, são nove meses de corridas com paragens muito curtas. Nove meses de trabalho a tempo inteiro. Não deixa tempo para desfrutar da vida.

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