Marine Le Pen acusada de abuso de confiança

Em causa estão suspeitas de que vários eurodeputados da Frente Nacional utilizaram dinheiros europeus para pagar salários a assessores que trabalhavam para o partido.

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Marine Le Pen vai ser interrogada em Paris EPA/IAN LANGSDON

A líder do partido de extrema-direita Frente Nacional, Marine Le Pen, foi formalmente acusada esta sexta-feira pelo crime de abuso de confiança num caso que envolve o uso indevido de dinheiros do Parlamento Europeu para remunerar funcionários partidários com actividade fora de Bruxelas. A ex-candidata presidencial francesa foi interrogada esta tarde num tribunal de Paris.

Vários eurodeputados da Frente Nacional são suspeitos de terem utilizado financiamento europeu para remunerarem assessores parlamentares que, na verdade, trabalhavam para o partido, em Paris. Le Pen negou sempre ter autorizado esses pagamentos.

O advogado de Le Pen disse que a dirigente pretende apresentar um recurso contra a decisão na próxima segunda-feira, por considerar que a decisão dos procuradores viola a separação de poderes.

Le Pen foi acusada de abuso de confiança "na sua qualidade de deputada europeia entre 2009 e 2016 pela utilização de fundos do Parlamento Europeu" para remunerar a sua chefe de gabinete na Frente Nacional, Catherine Griset, e o seu guarda-costas, Thierry Légier, disse uma fonte judicial, citada pelo Le Figaro.

As alegações contra Le Pen surgiram durante a campanha presidencial em França, e a candidata sempre as apresentou como tendo motivação política. Le Pen passou à segunda volta, mas perdeu para Emmanuel Macron que obteve 66% contra os 34% da candidata extremista. Nas recentes eleições legislativas, no entanto, Le Pen foi pela primeira vez eleita para deputada do parlamento nacional.

Durante a campanha eleitoral para as presidenciais, Marie Le Pen disse que cooperaria com o inquérito depois das eleições. 

A líder do partido de extrema-direita foi agora interrogada na ala financeira de um tribunal de Paris, mas apenas leu uma declaração e recusou responder às perguntas dos investigadores, revelou o seu advogado.

Em causa estão cerca de cinco milhões de euros que terão sido utilizados de forma indevida pela Frente Nacional. Para além de Marine Le Pen, também o seu pai e fundador do partido, Jean-Marie Le Pen, e outros 15 eurodeputados são suspeitos na investigação.

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