Santa Casa começa a negociar entrada no Montepio

A Associação Mutualista Montepio Geral (AMMG) e a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa (SCML) assinaram esta sexta-feira um memorando de entendimento para desenvolver uma parceria na área da economia social. E o banco reforçou o capital.

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Enric Vives-Rubio

Uma iniciativa que prevê negociações “de boa fé” com vista à entrada da SCML no capital da Caixa Económica Montepio Geral (CEMG), abrindo caminho a outras instituições do sector. A AMMG (com 630 mil associados), liderada por Tomás Correia, e a SCML, chefiada por Santana Lopes, reafirmam o empenho em que o processo seja o “mais aberto possível ao universo da economia social” e com envolvimento no quadro negocial de outras instituições da área.  

Para além da parcerias envolvendo a CEMG, o principal activo da AMMG, e “considerando o histórico do relacionamento em diferentes projectos”, como “a gestão de fundos de pensões através da Futuro, SGFP, o microcrédito e a Fundação Montepio na Sociedade de Apostas Sociais”, as duas instituições “acordam também em analisar o alargamento do seu entendimento a outras áreas”, como a saúde e o apoio social.  

Ambas as partes “comprometem-se” a “respeitar os procedimentos internos e externos de informação e decisão” de cada instituição. E a estudar “as condições em que, com salvaguarda dos princípios, restrições e autorizações regulatórias aplicáveis a cada um dos intervenientes”, se possa avançar com a participação da SCML e de outras entidades da economia social no banco Montepio. Por outro lado, asseguram “eventuais acordos e ajustamentos do modelo de governo da CEMG em moldes que permitam, com pleno respeito pela independência do órgão de administração, contemplar mecanismos adequados de salvaguarda do valor e da participação dos seus accionistas”.

Esta comunicação surge ao abrigo das regras de prestação de informação privilegiada aos investidores,  depois de terem sido feitas várias afirmações públicas acerca da possível entrada da Santa Casa no banco detido pela AMMG. Entre os mais presentes na discussão pública em torno de um eventual casamento entre as duas instituições tem estado Pedro Santana Lopes. O provedor da Santa Casa afirmou, na última quarta-feira, em entrevista ao PÚBLICO sublinhou que “para ser só uma entrada da Santa Casa e de algumas outras misericórdias no Montepio acho muito pouco aliciante, ou nada mesmo. Se fosse um projecto como há anos vem sendo falado de criação de um verdadeiro banco da economia social, que podia ter alguma base no Montepio ou não, muito bem. Só que para isso o tempo é muito apertado”.

Entretanto, a Associação Mutualista anunciou pouco depois do anúncio das negociações com a Santa Casa que “subscreveu o aumento do capital institucional da CEMG. O aumento de capital foi de 250 milhões de euros, elevando assim o capital institucional da CEMG para 2.020 milhões de euros, valor integralmente” detido pela Associação.

Com esta operação, a dona do banco Montepio destaca “que garante o reforço dos fundos próprios da CEMG, muito acima das exigências regulamentares das autoridades de supervisão, assegurando um elevado nível de solidez e de suporte ao desenvolvimento da atividade da sua Instituição Financeira”.

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