Investigadora portuguesa recebe bolsa para estudar fundos oceânicos no Japão

Experiência vai permitir a Joana Neto Lima trabalhar em condições ambientais semelhantes às que se podem encontrar em luas geladas

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Uma investigadora do Porto recebeu uma bolsa de estágio no Japão para estudar as condições de habitabilidade e os processos geoquímicos que ocorrem nos fundos oceânicos, considerados como o berço da vida na Terra.

Durante o estágio, que vai decorrer entre sábado e 15 de Agosto, no Institute for Planetary Materials (IPM), no Japão, Joana Neto Lima terá a oportunidade de trabalhar com as diferentes técnicas espetrográficas vibracionais, que servem para identificar e caracterizar as alterações que os minerais sofrem quando submetidos a altas pressões e temperaturas.

A cientista, licenciada em Ciências do Meio Aquático, pelo Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar da Universidade do Porto (ICBAS), colabora há cerca de três anos como cartógrafa planetária no Departamento de Planetologia e Habitabilidade do Laboratório de Geologia Planetária, do Centro de Astrobiologia de Madrid (Espanha). Ao longo deste tempo tem estudado os oceanos líquidos que podem existir em luas geladas, como Encélado (Saturno) e Europa (Júpiter), trabalho que está a ser desenvolvido no âmbito da missão espacial JUICE, da Agência Espacial Europeia (ESA).

O Centro de Astrobiologia de Madrid faz parte do Instituto Nacional de Técnica Aeroespacial (INTA) e está associado ao NASA Astrobiology Institute (NAI), sendo a única entidade do género que reúne, no mesmo espaço físico, todas as áreas científicas e tecnologia associadas à astrobiologia e às ciências planetárias. Esta oportunidade "é importante", indicou a jovem, visto que lhe vai permitir estar "mais preparada" para interpretar as informações recolhidas pelas diferentes missões que estudam as luas geladas e outros "mundos que possuam oceanos de água líquida 'presos' por baixo de uma capa de gelo e cujos materiais podem chegar à superfície".

A investigadora considera que o facto de poder trabalhar com outra equipa de cientistas, integrada num país diferente, é uma mais-valia em termos de contactos para o futuro. "As técnicas de análise e investigação que vou poder aprofundar e aprender vão permitir ultrapassar alguns dos obstáculos (sobretudo de ordem técnica) com que me deparei no meu trabalho experimental", acrescentou. Para a cientista, esta experiência possibilita-lhe ainda trabalhar em condições ambientais semelhantes às que, segundo o que se sabe até à data, se podem encontrar no fundo de luas geladas, como Encélado e Europa. Joana Lima Neto encontra-se, neste momento, a concluir o mestrado em Hidrologia e Gestão de Recursos Hídricos, também em Madrid.

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