Há 60 edifícios no Porto, Gaia e Matosinhos à espera de quem queira desvendar os seus mistérios

As visitas nocturnas são uma das novidades do Open House Porto, que se realiza este fim-de-semana e conta com a organização exclusiva da Casa da Arquitectura.

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A Torre de Retransmissões do Monte da Virgem - Torre PT é um dos locais que podem ser visitados no Open House Porto. NFACTOS/Fernando Veludo

Os edifícios do Porto, Vila Nova de Gaia e Matosinhos voltam a abrir portas a quem os quiser ver e conhecer, neste fim-de-semana, com o Open House Porto. Entre espaços históricos, locais improváveis e habitações sociais, a terceira edição do evento conta com 60 edifícios para visita gratuita, que pode ser acompanhada por guias voluntários do evento ou, em alguns casos, através de uma visita comentada pelo autor do projecto de arquitectura ou por um especialista convidado.

Este ano a escolha do roteiro ficou entregue aos comissários do evento Paula Santos e Ivo Poças Martins. No programa há algumas repetições das edições anteriores, como os primeiros projectos de Álvaro Siza Vieira em Matosinhos ou a Casa da Música, que são consideradas “obras de referência da arquitectura”.

Uma das novidades desta edição são as visitas nocturnas a alguns espaços que vão estar abertos fora dos horários habituais. Para os mais corajosos, o Open House coloca um desafio: visitar obras que “sempre conhecemos, mas que nunca conseguimos ou arriscamos visitar”. São exemplo o Hospital Conde Ferreira, o Cemitério do Prado do Repouso ou o túnel de caminho-de-ferro desactivado entre São Bento e Campanhã. Já para quem é fã de modernidade e tecnologia, há visitas ao i3S, ao Metro do Porto ou à recuperação da Real Vinícola para Casa da Arquitectura.

Em Matosinhos vai ser possível visitar, entre vários locais, o Mercado de Matosinhos, que foi alvo de uma recente reconversão, o Palacete Visconde de Trevões ou a ESAD Idea, que passou de uma agência bancária a um centro de investigação e divulgação de design.

Já no Porto, há 37 espaços para conhecer, desde a Casa de Serralves, idealizada durante décadas pelo casal Carlos Alberto Cabral, ao Espaço Mira, passando pelo Estádio do Dragão ou pelo Terminal de Cruzeiros do Porto de Leixões.

A inclusão na arquitectura

Segundo Ivo Poças Martins, esta edição “acontece num momento em que se assiste a uma rápida transformação urbana, impulsionada pelo turismo e pelo investimento imobiliário privado” e, por isso, o objectivo passa também por dar visibilidade a zonas menos óbvias e ao que “de mais qualificado se faz nas cidades do Porto, Matosinhos e Gaia”.

Em Vila Nova de Gaia, há lugar para entrar e conhecer os apartamentos Oh Porto ou a Casa-Museu Teixeira Lopes. As visitas a edifícios mais conhecidos também não são esquecidas, com passagens pelo mosteiro da Serra do Pilar ou pela Torre de Retransmissões do Monte da Virgem – Torre PT, um dos locais em destaque para visitar. Para quem quer fazer o roteiro desta cidade, há um autocarro gratuito a circular nos dois dias, entre as 10h e as 19h, que vai levar o público aos 12 locais que vão estar de portas abertas.

O evento tem também dois programas que pretendem alcançar vários tipos de públicos e fazer uma visita mais personalizada: o Programa Caleidoscópio e o Programa Plus. Dentro deste primeiro, há um "Roteiro para a Inclusão", que oferece visitas a cinco locais no primeiro dia e tem como objectivo permitir que todos, sem excepção, possam beneficiar da experiência. Segundo a organização, é necessário que “a arquitectura e o património possam ser usufruídos o mais democraticamente possível”.

O Open House é um projecto internacional criado em 1992 com o objectivo de promover a arquitectura e o património cultural. Este ano, o evento é organizado exclusivamente pela Casa da Arquitectura, em parceria com a Câmara Municipal do Porto e os Municípios de Gaia e Matosinhos, e vai contar com cerca de 220 voluntários de várias as áreas do conhecimento. Pela primeira vez, participam também alunos do ensino secundário.

Na edição de 2016 passaram 11 mil visitantes pelo evento, em menos nove espaços do que este ano. Portugal é o único país, dos 31 participantes, que agrega três cidades em simultâneo para celebrar e conhecer a arquitectura.  

Texto editado por Ana Fernandes

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