Ondas de calor na Península Ibérica vão aumentar cinco vezes em 100 anos

Estudo de investigadores da Universidade de Aveiro.

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Daniel Rocha

Um estudo de investigadores da Universidade de Aveiro (UA), divulgado esta quinta-feira, conclui que no final do século XXI vai haver cinco vezes mais ondas de calor como aquela que ocorreu durante o incêndio de Pedrógão Grande.

A conclusão resulta de um estudo que foi publicado na semana passada na revista International Journal of Climatology, realizado por investigadores do Departamento de Física da UA e do laboratório associado Centro de Estudos do Ambiente e do Mar (Cesam), com parceiros europeus.

O estudo analisa as alterações nas ondas de calor e suas características para 12 locais na Península Ibérica, incluindo Lisboa, Porto, Bragança e Beja, num cenário em que as emissões de gases com efeito de estufa continuarão a aumentar ao ritmo actual.

Quando comparados os valores do clima actual e os valores do clima nos próximos cem anos, verifica-se que em toda a Península Ibérica ocorrerão cinco a seis ondas de calor por ano, representando cinco vezes mais do que actualmente, explica uma nota de imprensa da UA.

“O mais importante é que o número de dias de ondas de calor vai aumentar muito. No futuro, vamos ter metade do Verão, ou mais de metade do Verão com ondas de calor”, disse à agência Lusa, o físico Alfredo Rocha.

De acordo com o investigador, estas ondas de calor poderão ocorrer também nas estações intermédias, designadamente no fim da Primavera e no início do Outono.

O trabalho, realizado pelos investigadores Alfredo Rocha, Susana Pereira, Martinho Marta Almeida e Ana Cristina Carvalho, confirmou ainda que “a velocidade com que o aquecimento se está a verificar está a aumentar”. “O Acordo de Paris estabelece um aumento máximo da temperatura média global de 1,5 graus centígrados até 2100 e, neste momento, a temperatura média global já aumentou 1,1 graus”, disse Alfredo Rocha.

O investigador recorda que actualmente há países que já têm temperaturas muito elevadas, mas “estão habituados a lidar com isso”, defendendo que “é preciso adaptarmo-nos muito rapidamente a isso, quer em termos de cuidados de saúde quer na agricultura”.

Apesar de considerarem que o Acordo de Paris será “muito difícil” de concretizar, os autores do estudo sublinham que é fundamental pôr em prática acções de mitigação, no sentido de reduzir as emissões de gases com efeito de estufa, de forma a minimizar o aquecimento global.

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