#Paradetequeixar, a política não é “um bicho-de-sete-cabeças”

Começou com um lançamento de um vídeo a explicar o que são as eleições e acabou por andar em escolas de vários pontos do país. A campanha #paradetequeixar quer colocar jovens a falar para jovens sobre política

Para combater a ideia de que os jovens são os mais distantes e alheados da política, a Videolotion, uma produtora de cinema e vídeo, criou com o apoio da Comissão Nacional de Eleições (CNE) a campanha #paradetequeixar, destinada a jovens dos 15 aos 30 anos.

Com as eleições autárquicas a decorrer a 1 de Outubro, o objectivo passa por sensibilizar os jovens para a importância do voto e por responder a perguntas sobre o que é tudo isto das eleições: para que servem? O que pode ser feito? Que tipo de eleições existem?

Numa primeira fase, a produtora lançou um vídeo, através da técnica de animação stop motion, com a participação do jovem youtuber Diogo Sena, no qual são explicados os diferentes tipos de eleições e a importância de cada um. No entanto, a ideia não ficou por aqui. Havia a vontade de ir mais além: "Quando tínhamos o vídeo pronto achamos que não iria ter um impacto suficiente ao expor aquilo apenas num site, então acabamos por propor à CNE uma estratégia de divulgação que acabou por se tornar nesta campanha", explica Marta Ribeiro, responsável pelo projecto.

A acção seguiu para oito escolas secundárias espalhadas pelo país, onde se realizaram conversas informais entre alunos, um representante da CNE e da Videolotion e dois youtubers portugueses conhecidos entre jovens – Peperan e Conguito que se juntaram a Diogo Sena. Em cada sessão os convidados partilham ideias e falam dos “problemas e dúvidas em comum” e o membro da CNE esclarece as dúvidas mais institucionais e relacionadas com a legislação.

A ideia-chave é meter jovens a falar para jovens sobre política e criar um projecto onde as pessoas desta geração "tão erradamente denominada «perdida», se fazem ouvir, mais activos que nunca". E foi essa a vantagem da Videolotion quando o projecto foi pensado. "Nós não temos o historial de conhecimento de uma grande empresa de comunicação, mas temos uma coisa que elas não têm, porque nós fazemos parte do público-alvo, então sabemos exactamente o é que os jovens vão querer e a linguagem a utilizar", sublinha Marta ao P3.

Quando chegaram às escolas, conta a responsável, vários alunos "tinham discursos que os adultos têm": acreditavam que a política é sempre para os mesmos e, portanto, nem se dão ao trabalho de votar. A razão para o seu desinteresse na política "é porque não lhes chega absolutamente nada e porque acham que a comunicação é codificada”, especialmente nas campanhas políticas que consideram ser demasiado formais e institucionais.

Depois dos debates, os resultados começaram a aparecer. Alguns alunos, conta Marta, passaram a querer estar mais activos na vida política e perceberam que esta "já não é um bicho-de-sete-cabeças".

Com as férias, a campanha fez uma pausa nas escolas, mas a produtora pretende continuar no início do próximo ano lectivo. "Já há muita coisa preparada para continuarmos a levar isto para a frente", conclui Marta Ribeiro.

Sugerir correcção
Comentar