Hermínio Loureiro libertado com caução de 60 mil euros

Ex-autarca é um dos arguidos na operação Ajuste Secreto. Os outros arguidos foram também libertados e obrigados a pagar cauções.

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Nuno Ferreira Santos

O vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol Hermínio Loureiro, um dos arguidos detidos no âmbito da Operação Ajuste Secreto, foi nesta segunda-feira libertado mediante o pagamento de uma caução de 60 mil euros. Os outros seis arguidos também ficam a aguardar em liberdade o desenrolar das investigações, mas cinco têm igualmente que pagar cauções que oscilam entre os 15 e os 50 mil euros. Ficam todos proibidos de contactar entre si.

A decisão da juíza de instrução criminal da Feira foi adiantada pelo advogado Tiago Rodrigues Bastos à saída do tribunal onde decorreram na última semana os interrogatórios aos sete arguidos detidos na operação da Polícia Judiciária (PJ). Na sequência desta operação, a PJ arrestou 15 imóveis e seis viaturas de luxo, entre as quais um Bentley, além de seis milhões de euros.

A medida de coacção mais gravosa foi para o vice-presidente da Federação Portuguesa de Futebol, que, segundo a juíza de instrução criminal Ana Cláudia Nogueira, citada pela Lusa, estará “fortemente indiciado” por dois crimes de corrupção, cinco de prevaricação, um de tráfico de influência e outro de detenção de arma proibida.

Já o antigo presidente do conselho de administração da Assembleia da República e ex-deputado do PSD João Moura de Sá e o empresário António Gomes dos Reis vão ter de pagar uma caução de 50 mil euros cada, enquanto para o empresário Filipe Marques e para Manuel Amorim, da Direcção Regional de Economia do Norte, foi determinado o pagamento de cauções de 30 e 20 mil euros, respectivamente.

Corrupção com relvados sintéticos

Por último , o actual presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, terá de pagar 15 mil euros. Apesar de não poder permanecer nas instalações de certas empresas, o autarca não ficou suspenso de funções. O presidente da concelhia do PSD de Oliveira de Azeméis, José Oliveira, foi o único a sair em liberdade sem caução, mas ficou suspenso do exercício de funções na câmara.

Em causa estará um esquema de participação em concursos públicos relacionados com a instalação de campos sintéticos. Os arguidos são suspeitos de manipulação de contratação pública, tendo alegadamente recebido luvas de empresários de construção civil.

À saída do tribunal, o advogado Tiago Rodrigues Bastos manifestou-se satisfeito com a decisão, reconhecendo que “houve sensibilidade e respeito por aplicar medidas que fossem o menos gravosas e limitativas da liberdade das pessoas”. “Ele está livre que nem um passarinho, neste momento. As medidas de devolução à liberdade são imediatas”, afirmou à Lusa.

O Ministério Público tinha pedido no sábado a medida de coacção de prisão preventiva para Hermínio Loureiro e os outros arguidos que estavam detidos nas instalações da PJ do Porto.  Dos sete inicialmente detidos, dois já tinham sido libertados -  o presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis, Isidro Figueiredo, e o empresário Filipe Marques.

A Operação Ajuste Secreto resultou de uma investigação que começou há cerca de um ano e culminou na passada segunda-feira com a detenção de sete pessoas. No decurso da operação foram realizadas 31 buscas, nomeadamente a cinco câmaras municipais (Oliveira de Azeméis, Estarreja, Albergaria-a-Velha, Matosinhos e Gondomar) e a cinco clubes de futebol, todos do concelho de Oliveira de Azeméis, com a participação de cerca de 90 elementos da PJ e cinco magistrados do Ministério Público.

Em Dezembro passado, Hermínio Loureiro renunciou, sem apresentar explicações, ao mandato de presidente da Câmara de Oliveira de Azeméis (fora eleito pelo PSD), surpreendendo os autarcas da região e os dirigentes sociais-democratas. Numa nota, escreveu "que é muitas vezes mais importante saber sair da cena política do que a ela se apresentar".

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