Palocci, ministro das Finanças de Lula, condenado a 12 anos

Sentença no caso Lava-Jato vista como forma de pressão para obter novas denúncias, sobretudo que possam levar a Lula da Silva.

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António Palocci foi próximo de Lula e Rousseff Rodolfo Buhrer/REUTERS

O ex-ministro das Finanças brasileiro Antonio Palocci foi condenado a 12 anos de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no mega-processo Lava-Jato.

A sentença do juiz Sérgio Moro é vista como uma forma de pressionar Palocci, que teve a pasta das Finanças no Governo Lula e foi chefe de gabinete de Dilma Rousseff, a fazer um acordo com a justiça para reduzir a pena, fazendo novas denúncias. De especial interesse seria encontrar novos indícios contra o ex-Presidente Lula da Silva, que tem intenções de se recandidatar em 2018, e que as sondagens dão como favorito.

Palocci, que já foi suspeito no caso Mensalão, já se tinha manifestado disposto a colaborar. Agora, o juiz Moro fez questão de sublinhar que o quer manter preso. "O condenado é um homem poderoso e com conexões com pessoas igualmente poderosas e pode influir, solto, indevidamente contra o regular termo da acção penal e a sua devida responsabilização", escreveu o juiz.

O juiz Moro entendeu que Palocci negociou subornos com a empresa de construção Odebrecht, que foi beneficiada na atribuição de contratos com a petrolífera estatal Petrobras. "Tratou-se de um caso de macrocorrupção, envolvendo conta corrente geral de propinas entre o Grupo Odebrecht e agentes do Partido dos Trabalhadores, com cerca de duzentos milhões de reais acertados, cento e trinta e três milhões de reais repassados e um saldo de propina remanescente", escreveu o juiz na sentença.

Palocci ficou interditado de exercer cargos públicos ou de dirigir empresas do sector financeiro durante o dobro do tempo da pena, e deliberou ainda bloquear 10,2 milhões de dólares norte-americanos das suas contas – o valor pago a especialistas de marketing político que trabalharam em campanhas eleitorais do Partido dos Trabalhadores, com dinheiro proveniente de subornos da Odebrecht, corrigido pela inflação e somado a 0,5% de juros por mês.

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