Cristina Kirchner regressa à vida política com novo partido e candidatura ao Senado

A ex-Presidente da Argentina anunciou num estádio lotado com 40 mil apoiantes que ia voltar à política activa.

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Cristina Kirchner fundou um novo movimento peronista, com o apoio do centro-esquerda REUTERS/Marcos Brindicci

A ex-Presidente da Argentina, Cristina Fernández de Kirchner, envolvida em três processos judiciais por corrupção e outro por fraude financeira, voltará a ser candidata nas eleições legislativas do próximo mês de Outubro, disputando por um lugar de senadora pela província de Buenos Aires. Se for eleita, beneficiará do estatuto de imunidade de acusação.

Kirchner, que na passada quarta-feira anunciou o seu regresso à vida partidária num estádio repleto com 40 mil apoiantes em delírio, vai encabeçar um novo movimento político: a Unidade Cidadã, uma coligação que junta elementos peronistas e de centro-esquerda, e que tenciona afirmar-se como o principal bloco de oposição ao chamado “macrismo” – a corrente conservadora liberal que deve o nome ao actual Presidente da Argentina.

Mauricio Macri viu a sua taxa de popularidade cair mais de 20 pontos, de 65 para 45%, desde que foi eleito para a presidência, no final de 2015, pondo fim a mais de uma década de “kirchnerismo” no país. Os seus 18 meses de Governo estão a ser marcados pela crise económica e instabilidade social: a inflação está nos 40% e a taxa de desemprego subiu para os 9% e os seus planos para a redução do défice orçamental são fortemente impopulares.

Com o novo movimento de Cristina Kirchner, o peronismo divide-se em três frentes distintas, todas elas ligadas à ex-Presidente. O Partido Justicialista, antes liderado por Kirchner, ainda é a força dominante no Congresso argentino: é actualmente dirigido por Florencio Randazzo, um ex-ministro dos Transportes que representa uma ala mais à direita do peronismo. A Frente Renovadora foi fundada pelo advogado e antigo chefe de gabinete de Cristina, Sergio Massa, que rompeu com o kirchnerismo e em 2015 concorreu à presidência da Argentina pela aliança Unidos para uma Nova Alternativa.

Os três representantes do peronismo vão disputar a votação marcada para 22 de Outubro, quando serão renovados um terço dos mandatos do Senado e metade da Câmara de Deputados da Argentina. Para os analistas políticos, a fragmentação do voto peronista poderá ajudar a coligação “Mudamos” de Mauricio Macri a suster o impacto do descontentamento com as suas políticas de austeridade, e até a alcançar uma representação que lhe permita avançar a sua agenda económica com menos desgaste parlamentar.

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