Morais Sarmento: primeiro a assembleia distrital de Lisboa, depois “um novo PSD”

Antigo ministro encabeça lista de delegados da secção de Lisboa à assembleia distrital e fala em “ajudar a pensar” o partido, que está num momento de "apatia". Sobre o futuro, apenas diz: “Um dia de cada vez”.

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DANIEL ROCHA / PUBLICO

Nuno Morais Sarmento fez encher, esta sexta-feira à noite, uma sala de um hotel de cinco estrelas de Lisboa, onde surgiu rodeado de vários antigos membros do governo Durão Barroso, para apresentar uma lista de delegados à assembleia distrital de Lisboa do PSD. Não concorre à liderança da distrital, que terá Pedro Pinto como único candidato, nem à mesa da assembleia distrital, mas apenas a uma secção – a maior e a mais simbólica, como fez questão de recordar. Muita ostentação para tão parco objectivo? Talvez sim, ou talvez não.

“Se dúvidas tivessemos quanto à vontade e necessidade de abrirmos o PSD e contribuirmos para este momento difícil, a nossa presença é a melhor resposta que poderíamos ter e a motivação que nos levará, primeiro ao próximo sábado e depois a ajudarmos a construir um novo PSD”. Foi assim que o advogado e comentador político abriu o discurso de apresentação da candidatura, perante cerca de 200 pessoas – menos do que aquelas que terão de integrar a lista.

O elenco que se segue ao cabeça de lista, para além de Rodrigo Gonçalves, actual líder interino da concelhia, ainda não é conhecido, mas os apoios são de peso. A primeira subscritora é Manuela Ferreira Leite, que não esteve presente, mas na sala estiveram os antigos ministros Pedro Roseta e Graça Carvalho, antigos secretários de Estado como Feliciano Barreiras Duarte, Luís Menezes Leitão, Paulo Taveira de Sousa ou Luís Alves Monteiro, assim como o antigo dirigente do PSD-Lisboa António Preto.

Ao longo da sua intervenção, Morais Sarmento foi traçando um diagnóstico sombrio sobre o momento actual do partido, ainda que tenha elogiado o desempenho durante o tempo do resgate financeiro. Num momento em que “Portugal vive, é um erro negá-lo, um tempo de estabilidade políica e social clara”, o PSD, “preso a 2015, demorou a adaptar-se à nova estratégia e tem hoje as piores sondagens da nossa história”, afirmou.

“Este é um momento decisivo na história do PSD”, proclamou, afirmando que sente “a obrigação de participar, não para criticar ou culpar, mas para ajudar a construir a nova etapa do PSD”. “Não somos concorrentes do meu amigo Pedro Pinto, mas somos militantes que conhecemos bem o partido e não nos demitimos de participar”, afirmou, deixando bem claro que a sua intenção não é disputar lugares secundários. Mas apontar para o país.

Por isso se dirigiu a “todos os que connosco partilham a ambição do PSD e de mudar Portugal” para falar com a voz da oposição: “A ausência do PSD tem contribuído para uma ilusão de que existe um unanimismo no país, mas não. De um lado, estão os que acham que o país está pronto e acabado e se limitam à redistribuição. Do outro lado estamos nós, que pensamos que o futuro dos nossos filhos está longe de estar garantido e que temos de assumir essa responsabilidade.” Ou seja, acrescentou: “Temos de ser mais ambiciosos e exigentes com o país, prosseguir o caminho das reformas, não ter medo de dizer que o Estado tem de ser reformado”. E rematou: “Não desistimos de lutar por Portugal.”

Os sinais apontavam para o próximo congresso do PSD, que deve ter lugar no início do ano, no rescaldo das autárquicas, onde poderão aparecer alternativas à liderança de Passos Coelho. Até agora, apenas Rui Rio – de quem Morais Sarmento é politicamente próximo – deu sinais de que pode avançar. Mas o agora cabeça de lista à assembleia distrital não quer falar abertamente disso.

“É preciso participar, ajudar o partido a pensar, redefinir estratégias, as lideranças vêm a seguir”, disse aos jornalistas. Afirmando que “o PSD tem estado nalguma apatia política, nalgum exílio político”, defendeu que “há alturas em que o sinal é participar, não é preciso concorrer a lugares”. Pelo menos para já. Mas confessa que haverá “próximos passos”, que serão “os que resultarem da vontade conjunta destes militantes todos”. Onde é que pára essa vontade, “o futuro nos dirá”. Para já, o que muda se for eleito é a assembleia distrital de Lisboa. Depois das autárquicas, logo se vê. “Um dia de cada vez”.

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