Na noite de São João, o trabalho vai ser feito em festa

Nas ruas do Porto já está tudo preparado para receber os milhares de pessoas que, esta sexta-feira, vão celebrar a noite de São João.

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Num restaurante da Alameda das Fontainhas, já se espera pela noite de São João. Nelson Garrido
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Num restaurante da Alameda das Fontainhas, já se espera pela noite de São João. Nelson Garrido
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A sardinha assada vai continuar a ser tradição na noite mais longa da cidade. Nelson Garrido
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A sardinha assada vai continuar a ser tradição na noite mais longa da cidade. Nelson Garrido
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Nazaré faz farturas há 42 anos, na roulote da Família Armando Nelson Garrido
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Para Zélia Soares, os manjericos que vende na Praça da República são únicos. Nelson Garrido
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Os manjericos com quadras populares são presença assídua no São João. Nelson Garrido
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Os manjericos com quadras populares são presença assídua no São João. Nelson Garrido
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Os tradicionais alhos-porro Nelson Garrido
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Na Alameda das Fontainhas, os divertimentos já estão montados. Nelson Garrido
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As cascatas de São João encontram-se espalhadas pela cidade. Nelson Garrido

A noite de São João está aí e pela cidade inteira há quem tenha começado bem cedo as preparações. Já estão montadas as bancas repletas de manjericos, martelos de plástico e alhos-porros, já cheira a sardinha assada, a bifanas e a farturas e espera-se pelos divertimentos e pela música.

Na Praça da República, a tradição continua presente: todos os anos há uma fila de barracas com manjericos de vários tamanhos e feitios, acompanhados de uma quadra de São João. Sentada à sombra numa das bancas da praça, e porque o calor assim o exige, está Zélia Soares que ocupa aquele lugar há 15 anos.

Este ano “o negócio está fraco”, mas a vendedora acredita que vai melhorar na noite de São João. Enquanto fala com o PÚBLICO, vai atendendo os clientes que saem dos carros e não tiram os olhos dos manjericos gigantes que estão pousados no chão. “Não tem aqui na Praça da República nenhum manjerico como o meu”, jura a vendedora. Um vaso destes custa 25 euros e os mais pequenos são 2,50 euros. 

O negócio de Zélia, tal como muitos casos de venda de manjericos, vem de família. A mãe viveu toda a vida destas plantas e Zélia decidiu continuar. O futuro, conta a vendedora, também já está assegurado: “A minha filha tem uma banca lá em baixo”.  

Ao lado está Alice Campos, que divide o tempo entre atender os clientes e retirar a mercadoria da carrinha. Ali vai ficar a noite toda a trabalhar, pois a noite de São João é a altura que todos esperam para o negócio melhorar. Mas assegura que não vai perder a diversão: “Faço aqui a festa”.

Sobre o negócio, Alice tem uma visão mais positiva que Zélia: “Toda a gente vem comprar um manjerico, nem que seja pequenino”, explica, a vendedora. Já os turistas “adoram isto, mas não podem levar muito”.

A descer a Sé do Porto estão Greg e Lea, vindos da Austrália. Não vieram pela festa, mas souberam o que estava a acontecer quando repararam que as reservas dos hotéis estavam cheias. “Eu já comprei um martelo e tudo. O hotel onde estamos é perto do centro, por isso acho que vamos acabar por ir à festa”, explica Greg. De onde vem, conta, existem algumas festas “mas nada parecido com a tradição do São João”.

“O São João é das Fontainhas”

Juntamente com a Avenida dos Aliados, Lordelo do Ouro, Cordoaria, Campanhã, Massarelos, Foz do Douro e Miragaia, a Alameda das Fontainhas vai ser um dos palcos da festa, como acontece há muitos anos. A maior parte dos divertimentos ainda estão parados mas a sardinha assada e farturas já estão a ser preparadas.

José Augusto está a assar cinco sardinhas num grelhador que, durante a noite de São João, vai ser pequeno para as “cinco ou seis mil” que vai ter que cozinhar. Para o vendedor, está tudo preparado para receber mais uma festa, mas não deixa de notar que “desde que construíram a ponte [do Infante]", o São João mudou bastante. "Tem menos divertimentos, não tem tantas barracas e agora está dividido pela cidade”, explica.

Maria Laura, a gerente do restaurante onde José trabalha, diz que o negócio tem dias melhores e piores, mas “na noite é que se vê”. Maria vai trabalhar a madrugada toda, tal como o faz há 50 anos seguidos. “Eu faço aqui a festa, levo com os martelos, com o alho-porro, e divirto-me a trabalhar”, conta, acrescentando que “o São João é das Fontainhas, mas agora está-se a espalhar pelas várias freguesias”.

E se as sardinhas são o típico do São João, as farturas também vão estar presentes na noite mais longa do ano. Mais ao fundo da Alameda está a roulote da Família Armando, onde Nazaré não vai ter mãos a medir na noite de sexta-feira para sábado. “Aqui está tudo preparado”, confirma. Nazaré casou com um fartureiro e há 42 anos que esta é a sua vida. Os sogros, conta, foram “os primeiros a vir para aqui vender farturas, há quase 100 anos”.

Também o negócio já viu dias melhores para a vendedora, que antes fazia turnos para ir dormir,  agora fecha o estabelecimento por volta das 3h da manhã “porque já se vê pouca gente”. No entanto, o trabalho vai continuar nos dias seguintes.

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Lançamento de balões proibido

A noite de São João promete música em todo o lado. Na Avenida dos Aliados, os Trabalhadores do Comércio, o DJ Set e os GNR vão dar música aos milhares de pessoas esperadas no centro do Porto. Já nos palcos espalhados pela cidade vão estar Toy, Rui Bandeira e Diapasão.

Para quem quiser ir de carro para a festa, há a possibilidade de utilizar o Andante nos vários parques de estacionamento da cidade, fora das zonas que vão ser cortadas ao trânsito. No entanto, a Câmara Municipal do Porto aconselha a utilizar os transportes públicos que vão ser reforçados durante a noite. Para o fogo-de-artifício, este ano com o tema “Danças do Mundo” e um ecrã pirotécnico ao longo de todo o arco da ponte, o tabuleiro inferior da Ponte Luís I vai estar fechado a partir das 18h.

Já o lançamento dos balões de São João foi proibido devido à antecipação do período crítico do Sistema de Defesa da Floresta contra Incêndios. Os lançamentos podem ser punidos com multas até aos 5000 euros

Por toda a cidade, os tradicionais martelos de plástico, que se tornam a banda sonora da noite, também já estão pousados nas bancas das ruas. Maria Cidália começou cedo a venda nos Clérigos. Tem 50 martelões e muitos mais de outros tamanhos ainda dentro do saco, à espera que os clientes os venham comprar.

Apesar de mostrar algum descontentamento com o negócio e com o facto de “a mocidade não aproveitar isto”, a vendedora ambulante tem uma certeza: “Eu não vou deixar isto acabar. Nem eu, nem as minhas colegas”. 

Texto editado por Ana Fernandes

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