Não saiu Gil Vicente no exame do 9.º ano e os alunos sentiram-se aliviados

"Era uma prova bonita", que estava centrada na figura feminina, diz professora de Português da secundária Rainha D. Amélia.

Alunas da secundária Raianha D. Amélia, em Lisboa, preparam-se para realizar o exame de Português do 9.º ano
Fotogaleria
Alunas da secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, preparam-se para realizar o exame de Português do 9.º ano Daniel Rocha
O exame de Português do 9.º ano realizado nesta quinta-feira
Fotogaleria
O exame de Português do 9.º ano realizado nesta quinta-feira Daniel Rocha
Fotogaleria
Daniel Rocha
Fotogaleria
Daniel Rocha
Fotogaleria
Daniel Rocha
Fotogaleria
Daniel Rocha

Fácil, acessível. Na Escola Secundária Rainha D. Amélia, em Lisboa, são estas as duas palavras mais ouvidas à saída do exame de Português do 9.º ano, que foi ali feito, nesta quinta-feira, por cerca de 140 alunos. A nível nacional foram quase 100 mil os que realizaram a prova.

A Rainha D. Amélia é uma das escolas públicas que costumam estar bem posicionadas no ranking de escolas feito com base nas médias de exames. E a taxa de retenção no 9.º ano ronda ali os 3% contra uma média nacional de 11%.

Já é hábito os alunos considerarem os exames fáceis quando acabam as provas, mesmo que, depois, os resultados não correspondam. Na Rainha D. Amélia, Margarida, 16 anos, explica por que é que desta vez não deverá ser assim: “Não saiu o Auto da Barca do Inferno [de Gil Vicente], que é o que oferece mais dificuldade. E só havia uma frase de Os Lusíadas para escrevermos texto.” O autor escolhido, desta vez, foi Eça de Queirós com o conto A Aia. “É um dos textos de que mais falamos na aula”, continua Margarida.

Helena, 15 anos, não está tão confiante quanto aos seus conhecimentos sobre este conto, mas apesar das dúvidas diz que o exame também lhe correu bem. “As aulas de preparação para os exames também nos ajudaram”, refere Margarida.

Madalena, também de 16 anos, acrescenta como outra mais-valia: “Temos boas professoras, que são exigentes.”

Margarida vai aproveitar o resto deste dia para descontrair. Uma curta pausa antes de se agarrar à Matemática, que o exame está marcado para a próxima terça-feira. Será o último exame dos alunos do 9.º ano de escolaridade.

De Rihanna a Sophia

“Gostei muito da prova. Era acessível, coesa, coerente”, descreve a professora de Português Laura Oliveira, que tem apenas um reparo a fazer. Tem a ver com a extensão do texto que era pedido sobre uma figura de Os Lusíadas. “Pediam entre 50 a 70 palavras, o que é pouco”, comenta. Quanto à parte da gramática, refere que “não sendo transcendente, exigia que os alunos estivessem concentrados, que é também o que se espera deles no 9.º ano”.

Laura Oliveira explica ainda que a prova estava centrada na figura feminina. O texto informativo referia-se a Paula Rego, o conto de Eça de Queirós à aia, uma escrava que sacrifica o seu filho para salvar um príncipe e suicida-se de seguida, e na composição pedia-se aos alunos que escrevessem sobre uma figura feminina. As cantoras Rihanna, Adele e Amália ou a escritora Sophia de Mello Breyner Andresen foram algumas das figuras públicas escolhidas pelos alunos com quem o PÚBLICO falou nesta quinta-feira. “É uma prova bonita e os alunos também são sensíveis a isso”, diz Laura Oliveira, que levou cerca de 60 alunos a exame e se mostra tranquila quanto ao seu desempenho. “Foi tudo dado na aula."

Na altura em que fala ao PÚBLICO, esta professora diz que ainda terá de esperar mais um tempo para ouvir de viva voz o que os alunos têm para lhe contar, porque a maioria ainda não saiu das salas. “Cumpriram as instruções que lhes dei. Insisti para que aproveitassem os 30 minutos de tolerância para rever tudo com cuidado.”

Associação de Professores satisfeita

Também a Associação de Professores de Português (APP) faz uma avaliação positiva da prova, que integrou pela primeira vez um grupo de itens para avaliação da compreensão do oral. Para o efeito, os alunos ouviram um programa de rádio sobre livros infantis, tendo depois de responder a perguntas de escolha múltipla que, segundo a APP, eram “claras e objectivas”.

Também as perguntas de interpretação sobre um excerto do conto A Aia de Eça de Queirós são descritas como “adequadas, abrangentes e bem formuladas”. Para a APP, o Instituto de Avaliação Educativa inovou na abordagem a Os Lusíadas, o que classifica como positivo. Em vez de episódios da epopeia, na prova propunha-se aos alunos que escrevessem um texto sobre o papel de Vénus “na valorização do esforço dos portugueses”.

A APP considera ainda que a gramática foi abordada de “forma harmoniosa e abrangente”.

Quanto ao tema proposto para a composição – a selecção de uma figura pública feminina - a APP apresenta-o como “algo exigente para a generalidade dos alunos, embora tenha como factor positivo o facto de apelar a conhecimentos de cultura geral”.

Sugerir correcção
Comentar