Horta Osório vê no crédito malparado o principal problema da banca portuguesa

"Os problemas que o sector financeiro tinha há três anos em termos de solvência melhoraram muito", defendeu esta quinta-feira, em Lisboa

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DRO DANIEL ROCHA

O presidente do britânico Lloyds Bank, António Horta Osório, considerou esta quinta-feira, 22 de Junho, que o crédito malparado é o principal problema dos bancos portugueses e que é necessário resolvê-lo para libertar capital e financiar a economia.

Num almoço-debate realizado esta quinta-feira na Câmara de Comércio, em Lisboa, o gestor considerou que "os problemas que o sector financeiro tinha há três anos em termos de solvência melhoraram muito" e recordou os recentes aumentos de capital da Caixa Geral de Depósitos e do BCP e a compra do BPI pelo espanhol CaixaBank, que ajudaram a aumentar a solvabilidade da banca portuguesa. Contudo, acrescentou, "falta resolver outro problema", o do crédito malparado e em risco, recordando que os non-performing loans (no original em inglês) face ao crédito total estão, em Portugal, acima da média europeia.

Para Horta Osório, os activos de crédito malparado "deviam ser vendidos a quem pode tomar conta deles", para os bancos poderem libertar, reciclar capital para "emprestarem a quem precisa". O presidente do grupo bancário inglês Lloyds Bank destacou que o problema é ainda mais necessário de resolver quando o malparado representa a "quase totalidade dos capitais próprios" dos bancos.

O elevado nível de crédito malparado nos bancos em Portugal tem dominado as preocupações sobre o sector, até porque diminui a capacidade de a banca emprestar dinheiro à economia, sendo frequentemente referido pelas agências de rating como uma das causas para a baixa notação atribuída a Portugal.

A necessidade de criação de um "veículo" para retirar crédito malparado e em risco do balanço dos bancos há já alguns anos tem sido muito falada. Da parte dos bancos, vários presidentes de instituições têm afirmado que um veículo especificamente para o malparado não é necessário, mas caso seja criado irão avaliar se vale a pena recorrer a ele.

No início do mês, o primeiro-ministro, António Costa, afirmou no Parlamento que houve uma reunião entre o Ministério das Finanças, o Banco de Portugal (BdP) e os três maiores bancos que visa preparar uma solução para o crédito malparado.

Horta Osório é líder do Lloyds Banking Group, banco que foi resgatado pelo Tesouro britânico em 2009, quando o país ficou com uma participação de mais de 40% no banco. O Tesouro britânico anunciou em Abril deste ano que já recuperou o total do investimento feito no banco, de 20,3 mil milhões de libras (cerca de 24,4 mil milhões de euros).

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