Directores de escolas: “é feio” haver professores a acusar outros professores

Em dia de greve, Fenprof acusou escolas de convocarem mais professores do que os necessários à luz dos serviços mínimos.

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Presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas, Filinto Lima, diz que a paralisação nunca deveria ter sido agendada para uma altura de exames Paulo Pimenta

Os directores escolares dizem que só por “mero lapso ou esquecimento” houve escolas a não cumprir o acórdão dos serviços mínimos na greve de professores, e criticam os sindicatos pelo timing da paralisação que consideram esvaziada e fracassada.

O secretário-geral da Federação Nacional dos Professores (Fenprof), Mário Nogueira, afirmou nesta quarta-feira que estavam a ser “cometidas ilegalidades” em várias escolas no que diz respeito às convocatórias de professores para assegurar os serviços mínimos em dia de greve.

Na resposta, em declarações à Lusa, o presidente da Associação Nacional de Directores de Agrupamentos e Escolas Públicas (Andaep), Filinto Lima, disse que “é feio” haver professores a acusar outros professores. E que acredita, apesar de ainda não ter contactado outros directores, que apenas por lapso ou esquecimento não foram corrigidas as listas de convocados para fazer vigilâncias a provas e exames, no cumprimento ao acórdão de serviços mínimos.

“Penso que os meus colegas ter-se-ão esquecido de ir à lista e retirar alguns [professores], mas tenho a certeza que eles terão verbalmente comunicado aos professores que só os estritamente necessários seriam convocados. Penso que se isso não aconteceu terá sido por mero lapso”, disse Filinto Lima, que explicou que as listas de professores convocados para vigilâncias de provas estariam feitas há um mês e que só na segunda-feira receberam “informações concretas” do Ministério da Educação em relação aos serviços mínimos.

O acórdão do colégio arbitral determinava que os serviços mínimos obrigariam à presença de um professor por sala no caso das provas de aferição do 1.º ciclo agendadas para hoje, e dois por sala no caso dos exames nacionais do ensino secundário.

“Fazer disto uma batalha quando eles perderam a guerra, porque a guerra foi a situação dos serviços mínimos que esvaziou a greve, virarem-se contra os directores antes de reivindicarem os legítimos direitos dos professores é colocar em guerra professores contra professores. Isso que se averigue, se é importante averiguar essa história, que se averigue”, afirmou Filinto Lima, criticando as acusações sindicais.

O presidente da Andaep defendeu ainda que a paralisação nunca deveria ter sido agendada para uma altura de exames.

“Para a próxima que pensem no timing em que vão convocar a greve. Nesta, de facto, fracassaram. Nunca devia ter sido convocada em altura de exames. Na minha opinião é um momento nobre da escola, a avaliação dos alunos, e esqueceram-se que os exames agora já têm serviços mínimos”, disse.

De acordo com Mário Nogueira, em vários pontos do país estão convocados mais professores do que aqueles que são necessários para assegurar a realização das provas de aferição e dos exames nacionais.

Em Lisboa, no agrupamento de escolas de Benfica, o director Manuel Esperança admitiu, em declarações à Lusa, que não cumpriu o estipulado no acórdão dos serviços mínimos, tendo convocado todos os professores do agrupamento (214), quando os necessários eram 73.

Os professores fazem greve nesta quarta-feira, para a qual foram decretados serviços mínimos, em dia de exames nacionais do ensino secundário e provas de aferição do ensino básico.

A paralisação é convocada pelas principais estruturas sindicais de docentes, a Fenprof, afecta à CGTP-In, e a Federação Nacional da Educação, afecta à UGT.

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