Cimpor vai deixar de ter acções na bolsa de Lisboa

Alguns pequenos accionistas votaram contra, mas não tiveram expressão face ao controlo brasileiro.

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Brasileiros da Camargo já controlam 94,2% da cimenteira REUTERS/Jose Manuel Ribeiro

A Cimpor vai deixar de estar presente no mercado de capitais, segundo foi decidido esta quarta-feira em assembleia geral extraordinária. De acordo com o comunicado da empresa disponibilizado junto do regulador do mercado de capitais, a CMVM, a proposta de exclusão das acções, a única que estava em discussão, foi votada favoravelmente por 99,3% dos votos emitidos. Houve uma pequena percentagem de votos contra, ligados a accionistas minoritários, mas que não mudou o rumo da empresa. Agora, o principal accionista, a brasileira Camargo Corrêa, via Intercement, terá de comprar as posições detidas por estes investidores.

Após o sucesso da OPA em 2012, e depois de ter dividido activos com a concorrente Votorantim, a Camargo acabou por garantir 94,2% da cimenteira (que já foi uma das referências da bolsa portuguesa na sequência da sua reprivatização). Aliás, o facto de o capital transaccionável em bolsa ser de apenas 5,8%, aliado a uma péssimo desempenho das operações no Brasil, com “deterioração expressiva dos seus capitais próprios e crescimento da dívida financeira” e não ser possível “prosseguir, no curto prazo, com o aumento de capital com recurso a subscrição pública”, são razões que suportam a estratégia avançada pelo principal accionista. De resto, apenas 20% do capital detido por pequenos accionistas se fez representar no encontro desta quarta-feira.

Ao todo, estiveram presentes na assembleia geral 22 accionistas (quatro particulares e 18 institucionais), detentores de 95,4% do capital. O valor a pagar pela empresa aos pequenos accionistas que não querem continuar a fazer parte da Cimpor, e cujo conselho de administração conta com nomes como Daniel Proença de Carvalho e Pedro Rebelo de Sousa, será calculado com base no preço médio ponderado das acções nos últimos seis meses. No início de 2012, as acções estavam nos cinco euros, mas fecharam esse ano na casa dos três. Esta quarta-feira, cada título fechou a sessão a valer 0,35 cêntimos, já com o embalo positivo da assembleia geral.  

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