Tesouro nazi de Mengele foi descoberto atrás de uma estante na Argentina?

Polícia encontrou 75 artefactos na casa de um coleccionador, que incluem um busto de Adolf Hitler, e que deviam estar à espera de ser vendidos no mercado negro.

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O busto de Hitler e outros objectos encontravam-se perto do local onde viveu Mengele na Argentina DAVID FERNANDEZ/EPA

Numa sala secreta escondida por uma parede falsa e camuflada por uma estante de livros num subúrbio de Buenos Aires foi descoberta a maior colecção de artefactos nazis encontrados até hoje na Argentina. A colecção inclui um busto de Adolf Hitler, lupas em caixas com suásticas e um dispositivo médico para medir o tamanho do crânio.

Cerca de 75 peças foram encontradas numa sala secreta, na casa de um coleccionador, em Beccar, a norte de Buenos Aires. “As investigações indicam que são peças originais", disse à Associated Press a ministra da Segurança argentina, Patricia Bulrich. Algumas das peças estavam acompanhadas de fotografias antigas. “É uma forma de as comercializar, de provar que foram usadas pelo fuhrer. Há imagens dele com os objectos”, detalhou.

Um negativo de uma fotografia mostra Hitler a segurar uma lupa semelhante às encontradas.“Recorremos a historiadores que nos indicaram que é a lupa original” que o fuhrer estava a usar, afirmou o chefe da polícia federal argentina, Nestor Roncaglia.

A polícia argentina acredita que estas peças tinham como destino a venda no mercado negro. A polícia admite a hipótese de de os artefactos terem sido levados para a Argentina pelos nazis em fuga da Alemanha após a II Guerra Mundial, muitos dos quais se refugiaram na América do Sul. Esta ideia é suportada pelo facto de os objectos terem sido encontrados perto de casas em que viveram dois dos mais conhecidos criminosos de guerra, o médico Josef Mengele e Adolf Eichmann, responsável pela logística de deportação em massa de judeus para os campos de extermínio na Europa de Leste.

Outros membros da elite nazi foram julgados por crimes de guerra, mas Mengele viveu em Buenos Aires durante uma década, tal como Eichman. Quando Eichman foi capturado pelos serviços secretos israelitas (Mossad) e levado para ser julgado em Israel, Mengele mudou-se para o Paraguai e para o Brasil, onde morreu em 1979.

A polícia argentina não disse a quem pertenceriam originalmente estes objectos, mas a ministra Bullrich sublinhou a presença de objectos médicos, como o instrumento para medir a dimensão das cabeças. "Essa era a lógica por trás da raça ariana", sublinhou a governante argentina, sugerindo o nome de Mengele, que fazia experiências bárbaras com seres humanos nos campos de concentração, com o objectivo de compreender a genética por trás de características como a cor dos olhos. 

A investigação que abriu o caminho para a descoberta da colecção começou depois de as autoridades terem encontrado obras de arte de origem ilícita numa galeria a norte de Buenos Aires. Com o apoio da Interpol, a polícia argentina começou a seguir o coleccionador suspeito. Com um mandato judicial, efectuaram buscas à sua residência.

Uma estante de grandes dimensões chamou a atenção dos agentes. Atrás dela descobriram uma passagem secreta que dava acesso a uma sala que guardava o tesouro nazi. O coleccionador permanece em liberdade, mas sob investigação.  

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