Norte-americana de 17 anos morta à saída de mesquita

A adolescente tinha ido com um grupo de amigos quebrar o jejum após as orações do Ramadão, quando foram confrontados por um indivíduo de 22 anos. Suspeito foi detido e polícia afasta para já a hipótese a hipótese de crime de ódio.

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Darwin Martinez Torres, na foto, é o presumível autor do homicídio Reuters/HANDOUT

A morte de uma adolescente de 17 anos, atacada durante a madrugada de domingo depois de sair das orações da meia-noite do Ramadão numa mesquita de Dulles, um subúrbio da capital norte-americana, não está a ser investigada como um crime de ódio pela polícia do condado de Fairfax, no estado da Virginia.

As autoridades detiveram um homem, de 22 anos e residente na zona, que foi acusado de homicídio. O indivíduo, Darwin Martinez Torres, terá confrontado um grupo de cinco raparigas que acabavam de quebrar o jejum do Ramadão num restaurante que costumavam frequentar quando saíam da mesquita. Com a disputa a escalar, os adolescentes fugiram em direcção ao local das orações, mas Nabra Hassanem, uma estudante de 17 anos, tropeçou e foi “apanhada” pelo suspeito.

Tal como as outras jovens, Nabra envergava uma abaya (manto longo e largo que cobre a mulher até aos pés, habitualmente usado nos países do Golfo Pérsico) para frequentar a mesquita.

Dado o alerta, uma operação de busca foi lançada pela polícia, que ao início da tarde de domingo acabaria por encontrar o cadáver da jovem num lago próximo da residência do suspeito (e a cerca de cinco quilómetros do local da agressão). De acordo com as autoridades, a causa da morte terá sido uma forte pancada, provavelmente com uma barra de ferro ou um bastão de beisebol. Ainda segundo a polícia, “a informação recolhida até ao momento pelos detectives” não permite aferir a motivação para o crime, mas “se a investigação vier a recolher outros indícios, será revista a acusação”, garantiu.

O ataque deixou a comunidade muçulmana da área metropolitana de Washington em estado de choque, e a temer pela segurança dos jovens que depois de participar nas orações escolhem restaurantes abertos 24 horas para comer antes de iniciarem o jejum entre o nascer e o pôr-do-sol do mês do Ramadão – que termina este sábado com a celebração do Eid al-Fitr. “Estamos totalmente devastados com este incidente tão traumático”, resumiu Rizwan Jaka, o presidente da Sociedade Muçulmana da Área de Dulles, proprietária da mesquita com capacidade para 700 pessoas onde a jovem rezava.

“O que é que a minha filha fez para merecer isto? Quem é que ataca assim jovens indefesos? Para mim, teve tudo a ver com a roupa que ela usava e que a identificava como muçulmana”, justificava Sawsan Gazzar, a mãe da vítima, entrevistada pelo The Washington Post.

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