Norte-americana condenada por incentivar namorado a suicidar-se

As palavras podem matar? Sentença relança debate jurídico nos Estados Unidos.

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A justiça teve acesso às mensagens de telemóvel e de Facebook trocadas pelo casal até à morte de Roy. Reuters/YUYA SHINO

A norte-americana Michelle Carter, de 20 anos, foi condenada na sexta-feira por homicídio involuntário, por um tribunal do estado norte-americano do Massachussetts, por ter incentivado o namorado, Conrad Roy, a cometer suicídio. A sentença final será divulgada em Agosto. A jovem arrisca uma pena de prisão de até 20 anos. Para já, o caso relança nos Estados Unidos a discussão sobre se as palavras podem levar à morte, e qual a responsabilidade legal que recai sobre quem as profere.

Roy foi encontrado morto no dia 13 de Julho de 2014, então com 18 anos, dentro do seu carro, no parque de estacionamento de um centro comercial, por inalação monóxido de carbono.

No veredicto do juiz Lawrence Moniz é salientado o facto de Carter ter conversado com Roy ao telefone por mais de 40 minutos enquanto este cometia suicídio. Moniz diz ainda que Roy chegou a sair do seu carro, já afectado pelo monóxido de carbono, dizendo que estava com medo, mas que Carter pediu ao namorado para regressar ao veículo. "Volta para dentro", ordenou Carter, segundo dados obtidos pela acusação. 

Carter não chamou a polícia nem avisou os familiares de Roy sobre o suicídio. Segundo a acusação, Carter quis que Roy se matasse para ser alvo da solidariedade de amigas da escola enquanto "namorada enlutada", lê-se no New York Times.

Durante as duas semanas do julgamento, acusação e defesa discutiram as centenas de mensagens de texto trocadas entre Carter, que na época tinha 17 anos, e Roy nos dias que antecederam a sua morte.

Nessas mensagens, o casal conversava detalhadamente sobre os planos de Roy de cometer suicídio. O jovem tinha um historial de depressão. Era um bom aluno e tinha conseguido uma bolsa para ir para a universidade, mas tinha receio de sofrer ansiedade no novo ambiente. Carter, também descrita como uma boa aluna, tinha antecedentes de distúrbios alimentares.

“Vais finalmente vai ser feliz no paraíso. Sem mais dor. Sem mais pensamentos maus e preocupações. Vais será livre", escreveu Carter numa das mensagem enviada a Roy.

A defesa de Carter, que argumenta que o comportamento da arguida foi influenciado pelo consumo de antidepressivos, admite recorrer da setença.

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