Especialista ambiental português aconselha redução do consumo da sardinha

Em vez de sardinha, cavala. É o que sugere Rui Barreira, da World Wild Fund. A bem da preservação das sardinhas.

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Adriano Miranda

Um responsável das florestas da World Wild Fund for Natures (WWF), Rui Barreira, aconselhou nesta sexta-feira a redução do consumo da sardinha para não pôr em risco a sua subsistência. Numa intervenção no fórum Gaia Todo um Mundo, lembrou que Portugal é dos “países que mais peixe consome” o que, no caso da sardinha, e da forma como é consumida e capturada, torna insustentável a sua subsistência.

“Vai deixar de ser uma espécie que podemos consumir porque vai ficar por baixo no ecossistema”, alertou o português membro de uma das Organizações Não Governamentais (ONG) ambientalistas mais conhecidas e influentes a nível internacional. Referindo-se ao “Projecto Fish forward”, da WWF, recomendou em alternativa à sardinha o consumo da cavala, que indicou ser “uma solução sustentável e saborosa” por surgir no topo do ecossistema, dada a pouca procura em termos de pesca.

Salientando que “só a mudança de hábitos de consumo altera a qualidade de vida de todos sem prejudicar o planeta”, Rui Barreira revelou que há “cada vez mais jovens portugueses, em idade escolar, a tornarem-se vegetarianos”.

Procurando retirar peso ao anúncio do presidente Donald Trump da retirada dos Estados Unidos do Acordo de Paris, disse esperar que o efeito seja contrário à vontade do governante.

“Há pouco voluntariado ambiental”

“O facto de ele ter retirado os EUA do Acordo de Paris não vai inviabilizar o país em continuar a ser líder na diminuição das emissões de CO2”, disse, explicando que “ao contrário do que se possa pensar, estão todos a juntar-se no sentido de ir no caminho oposto, a começar pelos empresários locais”.

Da mesma forma, defendeu “uma gestão sustentável” da floresta portuguesa, “aumentando o mosaico florestal, como já sucede do rio Tejo para baixo”, ao contrário do que se passa no “Centro e Norte, fustigados pelos incêndios”.

E com os cidadãos no centro de todas as decisões, também as ONGs [Organizações Não Governamentais] “sofrem com isso”, admitindo o especialista português dificuldades financeiras na WWF por as pessoas “não terem o compromisso de lhes doar do seu dinheiro”.

“O problema de financiamento reduz a nossa capacidade de resposta e há que trabalhar com empresas, governos e a ter de recorrer a financiamentos europeus para podermos exercer a nossa actividade”, sustentou. E concluiu: “Há muito voluntariado social, mas pouco voluntariado ambiental.”

Da Religião à Moda, passando pelas Instalações Nucleares, Energia, Hidrografia ou Cidades Sustentáveis, são mais de 20 personalidades de vários pontos do mundo que até domingo participam em painéis de debate que terão lugar no fórum Gaia Todo um Mundo, em locais tão distintos como a Capela Convento Corpus Christi ou o Armazém 22.

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