Cada vez mais idosos procuram a ajuda da APAV por serem vítimas de violência

Os agressores são os filhos (39,6%), o cônjuge (26,5%), mas também os vizinhos (4,4%) e os netos (36%).

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Nuno Ferreira Santos

Entre 2013 e 2016 a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um aumento de 34% nos processos de apoio a idosos. "São cerca de 24 pessoas idosas que recorreram aos nossos serviços por semana, uma média de três pessoas por dia, o que demonstra que já reconhecem a associação como uma entidade” que os apoia, disse à agência Lusa Maria Oliveira, técnica da APAV.

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Entre 2013 e 2016 a Associação Portuguesa de Apoio à Vítima (APAV) registou um aumento de 34% nos processos de apoio a idosos. "São cerca de 24 pessoas idosas que recorreram aos nossos serviços por semana, uma média de três pessoas por dia, o que demonstra que já reconhecem a associação como uma entidade” que os apoia, disse à agência Lusa Maria Oliveira, técnica da APAV.

Os agressores são na maioria os filhos (39,6%), o cônjuge (26,5%), mas também há casos em que são os vizinhos (4,4%) e os netos (36%), adianta a APAV, na véspera do Dia Internacional de Sensibilização sobre a Prevenção da Violência contra as Pessoas Idosas, que se assinala nesta quinta-feira.

Entre 2013 e 2016, a APAV registou 4475 processos de apoio a idosos (de 941, em 2013, para 1261, em 2016). Nestes quatro anos foram 3612 as vítimas de crime e de violência, tendo sido reportados 8578 factos criminosos.

A associação refere que estes dados “ainda são uma amostra daquilo que acontece na sociedade”, havendo ainda “um grande trabalho a fazer de sensibilização e protecção dos direitos das pessoas idosas”, segundo Maria Oliveira.

Na maioria, as vítimas são mulheres (79,5%), com idades entre os 65 e 69 anos (26,8%), casadas (42,8%) e a viverem numa família nuclear com filhos (31,7%). A maior parte das situações de violência acontecem em casa (48,9%).

O tipo de vitimação continuada, com uma duração entre dois e seis anos (8,7%), prevaleceu em 2016. Contudo, houve 45 vítimas (4,3%) que sofriam situações de violência havia mais de 40 anos.

“É uma amostra significativa, que é preocupante, porque estamos a falar de relações de conjugalidade que perduram ao longo de muitos anos”, disse Maria Oliveira.

Muitas destas situações acabam por ser denunciadas “por terceiros”, como profissionais de saúde ou familiares directos, mas também pela vítima, que já não consegue suportar mais a violência física e verbal.

Em 2016 foram registados 717 casos de maus-tratos psíquicos (30,1%), 442 de maus-tratos psicológicos (19%) e 281 de ameaças/coacção (12,1%). Estes números demonstram que as situações de violência em contexto familiar “não acarretam necessariamente a violência física, mas muitas vezes a psicológica”, explicou Maria Oliveira.