Alunos da UP manifestam-se contra mudanças no curso de Comunicação

Artur Águas, professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazarjá se disponibilizou para questionar o Conselho Geral da Universidade sobre a transferência dos cursos para a Faculdade de Letras

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Coube ao reitor da UP, Sebastião Feyo, a decisão de transferir o curso para a Faculdade de Letras Miguel Nogueira

Alunos e ex-alunos do curso de Ciências da Comunicação da Universidade do Porto desfilam esta quarta-feira até à reitoria da UP em protesto contra a decisão de transferir os cursos de licenciatura e mestrado em Ciências da Comunicação para a Faculdade de Letras.

O que está previsto é que o protesto decorra em silêncio. Esta foi a forma escolhida pelos estudantes para manifestarem o seu descontentamento pelo facto de não terem sido consultados durante o processo que levou à decisão de transferir as aulas a sede administrativa do curso.

De domingo para segunda-feira, alunos e ex-alunos de Ciências da Comunicação realizaram uma “acção digital” para fazer pressão sobre a equipa reitoral que, de acordo com os estudantes, “é a única que pode reverter a decisão da mudança”. Tratou-se de um “boicote” às páginas da Universidade do Porto, tendo os alunos enviado para as várias redes sociais da instituição uma frase a demonstrar o seu desagrado. “A Universidade do Porto está a colocar em risco a formação dos seus alunos, ameaçando um projecto meritório e multidisciplinar”, lê-se nos comentários.

A “acção digital” passou também pelo envio de vários e-mails para os membros do Conselho Geral (CG) da Universidade do Porto a apelar à discussão do assunto na reunião que se vai realizar no dia 30 deste mês. No conteúdo questiona-se “quais são as ver as verdadeiras vantagens académicas que justificam o aumento do encargo económico dos alunos com esta mudança”. O professor do Instituto de Ciências Biomédicas Abel Salazar (ICBAS), Artur Águas, que foi reeleito  há dias para o Conselho Geral da Universidade, já se mostrou disponível para abordar o tema na reunião daquele órgão, recentemente eleito.

A Universidade aponta duas razões para a mudança dos cursos. “A decisão da mudança dos cursos de Ciências da Comunicação justifica-se por dois conjuntos principais de razões: de contexto de clarificação das relações entre tais cursos e o MIL [Media Innovation Labs] e relativas à importância de enquadrar organicamente os cursos numa faculdade (neste caso a Faculdade de Letras da Universidade do Porto, por ser a sede administrativa), condição que conduzirá a uma melhoria da inserção académica dos estudantes, a todos os títulos benéfica para a sua formação superior”, lê-se no protocolo de acordo e acção, formalizado pelo reitor, Sebastião Feyo e pelos directores das quatro faculdades (Belas-Artes, Economia, Engenharia e Letras), que estão na origem do curso de Ciências da Comunicação.

A decisão de iniciar o processo de transferência dos cursos foi tomada no passado dia 4 de Maio numa reunião que juntou o reitor, a vice-reitora e o presidente do Conselho do Media Innovation Labs, Maria João Ramos, e os directores das quatro faculdades. Os cursos de 1º e 2º ciclo em Ciências da Comunicação são cursos partilhados por quatro unidades orgânicas da UP e, como tal, são da responsabilidade dos respectivos directores e dos diversos departamentos que têm docentes afectos à área científica das Ciências da Comunicação, cabendo a gestão e organização cientifica dos mesmos aos directores de curso e às comissões científicas para tal nomeados”, refere o documento.

 “No quadro dessas competências, incluem-se decisões organizacionais e de uso de instalações para o funcionamento dos cursos, com o devido enquadramento na UP”, sublinha o protocolo de acordo e acção, a que o PÚBLICO teve acesso, no qual se afirma também que “os directores dos cursos de licenciatura e mestrado em CC têm estado a acompanhar o processo de elaboração dos horários para o próximo ano lectivo, de forma que o normal funcionamento dos cursos seja assegurado sem quaisquer sobressaltos”.

A manifestação está marcada para as 17h30 de hoje e parte da Praça Coronel Pacheco, terminando frente à reitoria da UP. Os alunos vão tentar ser recebidos pelo reitor a quem pretendem entregar uma carta aberta assinada por 300 ex-alunos e uma outra carta demostrativa da insatisfação dos actuais estudantes.

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