Estabilidade para a Educação patrocinada pelo PR

Usando o bom exemplo da Justiça, também será possível chegar-se a um acordo na Educação.

A Educação deverá merecer, da parte dos nossos políticos, um esforço adicional rumo à estabilidade e que não se ande aos solavancos, a alterar (quase) tudo por... (quase) nada. Este é o procedimento invariavelmente habitual das equipas ministeriais desta área, com mais ou menos intensidade e/ou intencionalidade, que traz às escolas e ao ensino indesejada instabilidade pois, no limite, só servirá os interesses políticos.

Este procedimento, por parte das cúpulas do nosso país, não faz bem à Educação, nem à Saúde, nem à Justiça, nem... e alguém lucrará com este modus faciendi? Será este o modo certo de atuar quando se tem o poder nas mãos? Não será possível ter-se o mesmo discurso (em relação à estabilidade) quando se está no governo ou na oposição?

Percebo as dificuldades de consenso político e, por isso, usando o bom exemplo da Justiça, também será possível chegar-se a um acordo na Educação, através da celebração de um entendimento, há muitos anos reclamado pelos diferentes intervenientes da área, constituindo, para o efeito, um grupo de trabalho (GT) e discutindo abertamente o que separa as forças da esquerda das forças da direita. Proponho o alto patrocínio do Presidente da República para este desiderato vantajoso, sinónimo de interesse superior num dos principais setores de qualquer sociedade moderna: a Educação.

Fará sentido efetuar alterações legislativas e procedimentais ao mesmo ritmo da mudança da cor governativa? Qual a vantagem para um aluno que durante o seu percurso de escolaridade obrigatória está sujeito a exuberantes enredos? É prudente promover modificações a meio dos ciclos de ensino?

Não sendo este o momento nem o local para discutir o (de)mérito da política educativa implementada pelos sucessivos ministérios da Educação, seria fulcral que qualquer decisão fosse antecedida de debate e discussão públicos, sustentáculo primordial para as conclusões de um GT com constituição heterogénea, e fixar um quadro legal-normativo para o horizonte de, pelo menos, duas legislaturas consecutivas. E, se for esse o caminho a percorrer, relembro duas matérias que devem ser das primeiras a integrar o rol dos consensos: avaliação externa dos alunos e currículo.

O modelo de avaliação (também externa) dos nossos alunos deveria ser perpetuado o máximo de tempo possível, e não mudar ao sabor do vento democrático, pois ora sopra à direita, ora vira à esquerda, com uma frequência relativamente regular de quatro anos. Há alunos que têm escapado aos exames, mas realizam provas de aferição; outros, julgando ter que realizar estas, fizeram as outras... uma multiplicidade de situações que baralha os principais implicados no processo: os alunos.

A constância do currículo (o que se ensina) deverá figurar nas atenções deste pacto, pelo facto de não poder transfigurar-se ao sabor das marés, obrigando à adoção de manuais escolares que, devendo perdurar durante seis anos, resistem apenas três ou quatro.

Sinto, por diversas vezes, que a Educação é muito maltratada (não me refiro aos ministérios da Educação, mas aos partidos que os suportam), sofrendo pesados atropelos, colocando em sofrimento quem (os professores) se dedica de corpo e alma à mais nobre das profissões. Confundindo também, quer alunos, quer seus pais e encarregados de educação, estes davam tudo pela harmonia entre as principais forças partidárias, em prol da estabilidade educativa, tão ansiada e merecida por todos.

Futebolisticamente falando, dir-se-á que a bola está no lado dos partidos políticos. Há interesse em tratá-la bem? Quererão, por acaso, meter golo? É assim tão difícil, senhores políticos?

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

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