Diagnósticos tardios para a maioria dos novos casos de VIH

Há menos casos novos de infecção pelo VIH e menos mortes na sequência da doença.

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NFACTOS/Fernando Veludo

O presidente das Jornadas Nacionais do Núcleo de Estudos sobre a Doença VIH, da Sociedade Portuguesa de Medicina Interna, que vão decorrer na Régua, alertou nesta terça-feira que existe "um número ainda muito elevado de diagnósticos tardios" da doença.

Segundo o presidente do encontro, que se vai realizar na sexta-feira e sábado, no Peso da Régua, distrito de Vila Real, "há menos casos novos de infecção pelo VIH, menos mortes na sequência da doença, mas um número ainda muito elevado de diagnósticos tardios".

"Em 2016 atingiu-se o número mais baixo de novos casos de infecção VIH desde 2000: 841 casos, o que corresponde a uma taxa de 8,1 por 100 mil habitantes (no ano anterior tinham sido 1198)", disse Telmo Faria.

Mas, salientou o especialista, "do universo dos 841 novos doentes, 665 casos em que se dispõe do valor dos Linfócitos TCD4, 56% apresentavam valor inferior a 350 cells/mm3 [células por milímetro cúbico], reunindo os critérios de Diagnóstico Tardio. Temos assim ainda um valor elevado, acima da média europeia. É necessário diagnosticar de um modo célere e vinculá-los aos cuidados de saúde".

O responsável afirmou que "um dos objectivos para 2017 é aumentar em 15% o número de testes rápidos de VIH realizados nos Centros de Aconselhamento e Detecção Precoce da Infecção pelo VIH/Sida (CAD), nos centros de saúde e nas estruturas de base comunitária".

José António Malhado, especialista de Medicina Interna, que vai presidir ao debate "Doença VIH como modelo de gestão de doença crónica", durante as jornadas, salienta que "o facto de se tratar de uma doença crónica, mas infecciosa, dá-lhe um estatuto diferente, pois poderá não só afectar o hospedeiro como outras pessoas, caso os comportamentos não sejam os mais correctos".

Recusar terapêutica é o principal perigo

Tal como outras doenças, também na infecção pelo VIH o tratamento é para toda a vida, o que exige "um esforço" da parte do doente, "já que a não adesão à terapêutica anti-retroviral é considerada, no plano individual, o perigo mais ameaçador para o sucesso do tratamento e também no plano colectivo, para a disseminação do vírus, inclusive vírus eventualmente resistentes", referiu.

"Basta que o doente suspenda a terapêutica por uns dias para que o vírus possa ressurgir aos mesmos níveis do começo da infecção, apesar de poder ter estado a fazer a medicação durante anos", sublinhou, defendendo que é necessário "colocar estratégias de retenção para uma boa adesão à terapêutica".

Neste âmbito, considerou que os médicos de família e as organizações da sociedade civil desempenham "um importante papel".

"O Diagnóstico e Referenciação" e "Estratégias de Retenção" são outros temas em análise no encontro.

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