Homens, sentem-se de pernas fechadas: Madrid lança sinal contra “manspreading” nos autocarros

Os autocarros de Madrid vão incluir um sinal para evitar o "manspreading", ou seja, a "postura dos homens que abrem excessivamente as pernas quando se sentam, ocupando os lugares ao lado do seu". E tudo começou com uma petição online

O croqui espirituoso de @dragon_mecanico
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Já alguma vez tiveste de batalhar por espaço para os teus joelhos porque o passageiro do lado está sentado de pernas escancaradas? Pois bem, tal acto chama-se manspreading e pode ter os dias contados nos transportes públicos de Madrid.

A Empresa Municipal de Transportes (EMT) da capital espanhola anunciou em comunicado que vai incorporar na sua frota de autocarros um pictograma para evitar o manspreading, ou despatarre masculino em castelhano, termos que descrevem "a postura dos homens que abrem excessivamente as pernas quando se sentam, ocupando os lugares ao lado do seu".

O sinal, que vai integrar o novo painel informativo com as habituais recomendações aos passageiros, como validar o título de transporte ou ceder o lugar a quem necessita, é semelhante ao que já existe noutras cidades mundiais, como Nova Iorque. Pretende assim "recordar a necessidade de manter um comportamento cívico e de respeitar o espaço de toda a gente a bordo do autocarro".

A aplicação do ícone é resultado de uma colaboração entre a EMT, o departamento da Igualdade da Câmara de Madrid e o colectivo Microrrelatos Feministas que recentemente lançou uma petição online a apelar à introdução destes sinais nos transportes públicos madrilenos, reunindo quase 13 mil assinaturas — e muitos apoios à boleia da etiqueta #MadridSinManspreading no Twitter.

"Todos os transportes públicos têm autocolantes a explicar que é preciso dar espaço a grávidas, pessoas com carrinhos de bebé, idosos e pessoas com deficiência, mas há algo que afecta todas nós sempre que usamos transportes públicos: 'manspreading'", lê-se na campanha. "Não é uma questão de má educação. Da mesma maneira que a nós, mulheres, nos ensinaram a sentarmo-nos com as pernas muito juntas (como se fôssemos segurar algo entre os nossos joelhos), aos homens transmitiram-lhes uma ideia de hierarquia e territorialidade, como se o espaço lhes pertencesse."

A medida está longe de ser consensual, sobretudo junto dos homens, como se percebe num passeio pelo Twitter em que há explicações biológicas, e fisiológicas, para todos os gostos a justificar este comportamento. Um utilizador fez inclusive um croqui, bem gráfico e espirituoso, para mostrar as razões anatómicas de tal acto.

De acordo com o El Diario, o grupo parlamentar do Podemos na Assembleia de Madrid apresentou já o desejo de estender a proibição à rede de metro e a outros transportes: "Acreditamos que nomear e dar visibilidade a este tipo de comportamentos diários sexistas que passam despercebidos é o caminho a seguir para nos tornarmos mais conscientes, vermos o que não costumávamos ver e deixar a desigualdade e o machismo para trás", disse a deputada Clara Serra num vídeo em que apresenta a proposta.

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