Massa confusa, massa difusa

Estamos perdendo a força da juventude para lutar por um mundo de luto. Está tudo muito difuso

Foto
Kamal J/Unsplash

Conjunto difuso de informações. Informação confusa de conjunto. Massa desnorteada de saber, procurando uma bússola capaz de orientar as descoordenadas a seguir. Nada no horizonte além de neblina e cheiro de medo. A profundidade é tanto mais profunda quanto mais se afunda, profundo, na fundação do mundo. É devastador, “devasta a dor”. Queremos ter esperança, mas o futuro não nos enche mais os olhos e o passado é de apenas fantasmas, que sequer deixaram alguma boa lembrança.

Para que lado venta o vento, em que direção vai e aonde chega o odor de putrefação em que se agonizam os corpos da democracia, que democracia? Nunca houve alguém que a visse em sua rua. Nunca houve alguém que a cumprimentasse no seu bar. Estamos perdendo a força da juventude para lutar por um mundo de luto. Está tudo muito difuso. A confusão da massa, massa encefálica, massa ceifada, massa amassada, massa massacrada.

É pura desilusão. A fusão e a fissão são fenômenos que destroem ou constroem? Que criam ou matam? O núcleo fusível do átomo social entrou em colapso, se atirar contra um “igual” é produzir energia ou destruir a harmonia? Ah, a harmonia...quem dera que fosse virtude visível, objeto palpável! Harmonia e democracia não são reais, as conhecemos apenas no signo, no vocábulo, para saltarem desta tela é preciso que quem as leia, as entenda e as internalize, externando-as por onde for.

Não há maus leitores, há maus julgadores. O céu está anunciando tempestade, mas só caem gotas dispersas. É como se a massa suportasse nas costas o peso da nuvem cinzenta, carregada de tempestividade de processo, de informação e de especulação. É hora de soltar a nuvem e deixar que a tromba d’água nos sugue para sempre? A torrente de informações está caindo na cara do miserável, que ela bata e escorra pela sua face crítica. Que o suor de quem nos construiu e o sangue inocente derramado todos os dias nesta Terra de encenação, fertilize, também, toda massa difusa, toda memória confusa de nossa inquietação.

Sugerir correcção
Comentar