Philippot ata a Frente Nacional com um nó cego

A Frente Nacional não vai conseguir um resultado tão forte como esperava nas legislativas e vive crise de identidade.

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Reuters/VINCENT KESSLER

O papel de Florian Philippot na Frente Nacional (FN) é a chave de muitas das interrogações que o partido enfrenta e que vai reflectir-se nas legislativas. O número 2 de Marine Le Pen, que inseriu no programa do partido temas como a saída de França do euro, ameaça deixar a FN se esta bandeira cair e lançou uma associação que causa perplexidade.

O tabuleiro parecia configurado para xeque ao rei. Em 2017, a extrema-direita francesa, liderada por Marine Le Pen, ia lançar o assalto final ao poder. Mas as coisas não correram como tantos analistas avisaram. Le Pen perdeu a segunda volta das presidenciais, embora com 34% e perto de 11 milhões de votos, muito por causa da sua má prestação no debate com Emmanuel Macron, e isso criou uma crise uma enorme crise de identidade no partido.

Apesar de ter sido o guru de Le Pen, Philippot não é popular dentro da FN. “O que é que ele quer, ser califa no lugar do califa?”, comenta um elemento da direcção, não identificado, mas cuja comparação a Iznogoud, personagem de BD, deu na volta ao mundo na imprensa francesa.

Ao contrário, Marion Maréchal-Le Pen, a sobrinha da líder, era popular entre os militantes, mas não tinha apoios suficientes entre a direcção, e preferiu anunciar a sua saída, temporária, da política. Um recuo estratégico. No congresso de Fevereiro ou Março de 2018 muita coisa poderá mudar.

Philippot, que é candidato no Leste do país, na Moselle, praticamente não faz campanha - só aparece na televisão, como comentador. É um “agarrado” do comentário televisivo, descreve mordaz, Olivier Faye, o jornalista do Le Monde que acompanha a FN. Não se sabe muito sobre a associação política Patriotas, que criou a seguir às presidenciais - da qual só deu conhecimento a Marine Le Pen meia hora antes de a tornar pública. Consta que a líder da FN teve uma das suas fúrias homéricas.

Marine Le Pen tem excelentes hipóteses de ser eleita deputada, por Hénin Beaumont, o seu feudo eleitoral no Norte do país. Mas muitos dos seus candidatos não têm o caminho aberto, e a mobilização é reduzida. Também não se compreende ainda como evoluirá a relação com Philippot, que foi fundamental para a estratégia de normalização seguida pela FN desde que ela dirige o partido. As escolhas definirão o futuro próximo do partido de extrema-direita.

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