Nova tendência no CDS entrega pedido de formalização

Representantes do movimento não foram recebidos pela presidente do partido.

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Esperança em Movimento tem chamado ex-líderes do CDS para as suas iniciativas

Um grupo de representantes da Tendência Esperança em Movimento, uma corrente de opinião interna do CDS, entregou esta quinta-feira cerca de 400 assinaturas para se poder formalizar. O dossier com a declaração dos princípios políticos foi entregue a uma funcionária da secretaria-geral e não à líder do partido como pretendiam.

“Gostaríamos que [Assunção Cristas] estivesse, porque é um acto simbólico”, afirmou aos jornalistas o porta-voz da Esperança em Movimento, Abel Matos Santos, na sede do partido, sublinhando que o momento é “histórico” por ser a primeira corrente interna no CDS a pedir para ser oficializada. Abel Matos Santos, que é vice-presidente da concelhia de Lisboa, considera que o pedido preenche todos os requisitos previstos nos estatutos do partido e que “não há nada que obstaculize à formalização da tendência”.

Abel Matos Santos espera que essa formalização – que exige 300 assinaturas - aconteça na próxima comissão política, para que, numa reunião seguinte, a Esperança em Movimento já possa ter um representante, conforme prevêem os estatutos do partido. No centro das preocupações da nova tendência está a necessidade de “resgatar” a ideologia no CDS e de afirmar os valores democratas-cristãos que fundaram o partido. “Senão temos o pragmatismo vazio”, afirmou Abel Matos Santos ao lado de Luís Gargliadini Graça, que pertenceram ao movimento Alternativa e Responsabilidade, de Filipe Anacoreta Correia. Esta corrente interna nunca se formalizou.

Assumindo-se como um movimento das bases, a Esperança em Movimento já organizou conferências em que estiveram os ex-líderes do partido - Adriano Moreira, Manuel Monteiro e José Ribeiro e Castro. A participação de Manuel Monteiro, que saiu do CDS e fundou em 2003 a Nova Democracia, nas várias iniciativas da Esperança em Movimento e num jantar com militantes em Esposende em Maio passado tem causado algum mal-estar no partido.

A nova tendência quer promover o debate interno sobre temas que vão desde a justiça e a segurança social à segurança e à Europa. “Queremos um movimento democrático, participado, dentro do partido, que se reflicta na vida da sociedade”, afirmou Abel Matos Santos, colocando como objectivo central da Esperança em Movimento voltar a atrair para o CDS os que estão desiludidos com a política e os abstencionistas.

A entrega do pedido da nova tendência aconteceu no dia seguinte a uma reunião do Conselho Nacional do CDS que tinha a aprovação de coligações autárquicas como único ponto. Realizado sem a convocação de jornalistas – o segundo em poucas semanas – o Conselho Nacional de quarta-feira aprovou 46 coligações com o PSD para câmaras municipais, uma só com o Movimento Partido da Terra (MPT), em Castanheira de Pêra, e três apenas com o Partido Popular Monárquico (PPM) nos distritos de Viseu e Portalegre. Em seis concelhos, o CDS juntou-se ao PSD e ao MPT (nos distritos de Faro, Leiria a Setúbal) e noutros dois (entre os quais Sintra) a aliança é alargada ao PSD, MPT e PPM. Em Aveiro e Loures, a coligação fez-se entre PSD, CDS e PPM. No caso de Guimarães, a aliança PSD, CDS, MPT, PPM foi alargada ao Partido Cidadania e Democracia-Cristã. 

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