SwimRun, dois portugueses que correm e nadam pela tua saúde

O SwimRun é um desporto de resistência que nasceu na Suécia e viajou até Portugal. É a correr e a nadar que dois investigadores portugueses vão viajar até à Suécia para, no dia 4 de Setembro, participar na final do circuito mundial. O objectivo? Apoiar a Maratona da Saúde na prevenção de doenças cardiovasculares

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Paulo Pimenta

Juntar álcool com desporto não é, à partida, uma boa ideia. Mas foi. Há cerca de dez anos, um grupo de amigos suecos, "bem bebidos", fizeram entre si a aposta de correr ao longo de várias ilhas do arquipélago de Estocolmo, numa distância total de 75 quilómetros, sendo as ligações entre elas (cerca de dez quilómetros) feitas a nado. E assim nasceu o SwimRun, uma modalidade que tem vindo a crescer um pouco por todo o mundo e que pode ser resumida como um ciclo transitório entre corrida em trilhos na natureza (montanhas e ilhas), intercalada com natação em águas abertas (lagos e mares). Originalmente conhecida por Otillo (que significa “de ilha para ilha” em sueco) é disputada, geralmente, por equipas de dois elementos.

É o caso da dupla portuguesa, composta por Luís Moreira e Filipe Santos Silva. Treinam há cinco meses, agora na “carga máxima”, seis horas diárias e só descansam ao sábado. Sem patrocínios, suportam todas as despesas, desde viagens a alojamento. Desdobram-se em eforços e abdicam da dita “vida normal” por uma causa. O objectivo é cumprir o desafio ao qual se propuseram: a equipa, denominada Swimrun4health, lançou uma campanha de apoio à 4ª edição da Maratona da Saúde, na prevenção de doenças cardiovasculares – “1.000km pela Maratona da Saúde”.

Aos domingos é “o treino grande”. Fazem “a simulação da prova”. O P3 encontrou-os no Parque da Cidade, no Porto. Correm, entram no pontão de Matosinhos, nadam até ao edifício transparente, saem, dão novamente a volta ao Parque e repetem “quatro ou cinco vezes”. “Treinamos uma parte muito importante desta modalidade, que são as transições, entrada e saída da água, onde se perde muito tempo. Nós corremos com o fato de treino, nadámos com as sapatilhas, saímos da água e despimos apenas a parte de cima da fato por causa do calor e seguimos logo a correr outra vez”, explica Luís. Na primeira prova são 16 as transições, na segunda prova vão “atravessar o arquipélago de Estocolmo” e têm de percorrer 27 ilhas. “Se perdermos mais um ou dois minutos em ineficiência nessas transições, estamos a perder muitos quilómetros em tempo de corrida”, diz Filipe. “No ano passado (a primeira vez que concorreram juntos) percebemos que havia muito tempo que tinha de ser optimizado”, acrescenta.

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“Temos um conjunto de profissionais que nos acompanham, nas diversas modalidades, e isso faz uma grande diferença”, refere Luís. Para a parte da corrida, são acompanhados por um antigo atleta olímpico de corta-mato do Sporting, o Professor Carlos Monteiro; já o Professor Carlos Fernandes acompanha a equipa na parte da natação e o Professor Pedro Fontes cede o ginásio MaisFit, em Vila Nova de Gaia. “Temos um plano específico de reforço muscular e articular, treino proprioceptivo, que é muito importante em provas de resistência. Estamos a falar de provas em que vamos, seguramente, estar mais de 7 horas a correr na primeira (na Suiça) e na segunda (na Suécia) cerca de 11 horas”, explica Filipe. “Há aqui um treino de reforço que é muito importante” e, para isso, a alimentação também deve ser controlada. A nível nutricional, é Joana Maranhas que orienta a equipa.

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E é com base nesse acompanhamento que definem o plano de treino. À segunda-feira, por norma, fazem corrida de recuperação. Na terça, “natação de manhã e ginásio ao final do dia”. Quarta-feira é o dia da corrida longa intervalada. Na quinta fazem “reforço muscular, ginásio e natação em séries aqui na FADEUP (Faculdade de Desporto da Universidade do Porto, onde decorreu a entrevista)”. À sexta-feira, fazem “um treino longo de corrida ou trail na Serra de Canelas ou em Valongo”. “No sábado descansamos e domingo começa tudo outra vez”. O treino normalmente é este, mas depende sempre da actividade profissional dos atletas, ambos investigadores do i3s.

Filipe Santos Silva e Luís Moreira compõem a única equipa portuguesa a participar na final do circuito mundial de SwimRun na Suécia, no dia 4 de Setembro. “Este ano, pela primeira vez, deve aparecer uma outra equipa portuguesa na prova na Suiça (dia 9 de Junho)”, refere Filipe. “No total, são cerca de 200 equipas em competição”, femininas, mistas e masculinas e “60 a 70% das equipas já são profissionais, nós somos amadores sofredores”, diz Luís entre risos.

No passado dia 4 de Junho, o SwimRun chegou a Portugal. Apesar de ser, originalmente, disputado aos pares, esta primeira prova em território nacional, que contou com cerca de 200 inscrições, foi individual. “Optámos por esta solução, para dar a oportunidade a todos os que se iniciarem neste desporto”, explicou o organizador. O objectivo é “organizar um circuito nacional” e, quem sabe um dia, fazer parte do circuito internacional, até porque aqui “temos condições únicas para o SwimRun”. Ao contrário dos países nórdicos, em Portugal a modalidade pode ser praticada ao longo de todo o ano.

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