Enfermeiro português conta como ajudou uma das vítimas de Londres

Carlos Pinto deu assistência a uma jovem que foi esfaqueada num restaurante do Borough Market.

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Carlos Pinto prestou primeiros socorros a uma vítima esfaqueada no ataque de Londres Reuters/HANNAH MCKAY

Carlos Pinto não se sente um herói, "agiu por instinto". O enfermeiro português vive em Londres há três anos e três meses conta ao Jornal de Notícias, nesta segunda-feira, como deu assistência a uma das vítimas esfaqueadas no sábado à noite na capital inglesa.

A trabalhar numa unidade de cuidados intensivos de um hospital privado no centro de Londres, Carlos Pinto diz que prestou os primeiros socorros, com a ajuda de uma amiga, também enfermeira, a uma jovem de “17 ou 18 anos".

O enfermeiro recorda ao JN que estava num jantar de amigos quando entrou um homem com uma faca no estabelecimento. As pessoas que estavam no local começaram a tentar fugir e foi quando a jovem foi esfaqueada no peito.

Seguiram-se momentos de pânico no restaurante, mas a reacção dos clientes evitou uma tragédia de proporções maiores. "As pessoas começaram a atirar cadeiras e copos ao atacante, que recuou um ou dois metros. Um dos trabalhadores do restaurante conseguiu fechar o portão e ficamos completamente isolados do exterior", relata Carlos.

Natural de Constantim, Vila Real, Carlos Pinto descreve o atacante como um indivíduo "de pele escura, barba negra", especado à entrada do restaurante no mercado de Borough, a impedir a saída dos clientes e a gritar. "Só me lembro de ver a boca dele a mexer muito", diz ao JN.

Em entrevista à TVI, acrescenta que esperaram 2h30 com a vítima até a jovem ser socorrida. A prioridade durante o tempo de espera foi "mantê-la consciente, parar a hemorragia do lado direito do tórax e ajudar a jovem a respirar", explica o técnico de saúde.

O enfermeiro não sabe se a jovem está viva e aguarda notícias do seu paradeiro. 

A TVI relata que, depois de prestar assistência à jovem, o enfermeiro alugou durante várias horas uma carrinha-táxi com mais três amigos, para transportar até casa pessoas que tinham perdido dinheiro e bens pessoais durante o atentado.

Carlos chegou a casa por volta das três da manhã. "Sou enfermeiro, tenho medicamentos, mas mesmo assim não dormi mais de quatro horas", admite. Apesar da noite mal-dormida, saiu à rua no domingo. "Não vou deixar Londres nem mudar a minha vida por causa disto", sublinha ao JN

Pelo menos sete pessoas morreram no duplo ataque de sábado na Ponte de Londres e no Borough Market. Há ainda 48 feridos, 21 dos quais em estado grave. O atentado foi reivindicado na noite de domingo pelo Daesh, e acontece a poucos dias das eleições legislativas no Reino Unido, marcadas para quinta-feira. 

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