Harvard revoga admissão de estudantes após piadas sobre abuso de crianças e o Holocausto

Universidade teve conhecimento de um grupo fechado no Facebook onde alunos recém-admitidos partilhavam imagens ofensivas.

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Reuters/BRIAN SNYDER

A Universidade de Harvard, no estado norte-americano do Massachusetts, revogou a admissão de dez estudantes que terão partilhado imagens ofensivas num chat privado na rede social Facebook. De acordo com o jornal estudantil The Harvard Crimson, que teve acesso a registos das conversas, os jovens trocaram memes relacionados com “abusos sexuais, o Holocausto e a morte de crianças”.

O canal de conversação em causa tinha sido estabelecido à margem de um grupo oficial de caloiros de Harvard no Facebook. Cerca de 2000 estudantes foram admitidos este ano, de um total de 39.506 candidatos. Desses, cerca de 100 acabaram por formar um primeiro chat privado para partilhar piadas.

Em declarações ao The Harvard Crimson, Jessica Zhang, uma estudante de 21 anos, disse que, inicialmente, as mensagens partilhadas eram de teor “leve”, e que os alunos estavam apenas entusiasmados por entrarem num grupo em que iriam encontrar pessoas com interesses similares.

Posteriormente, e de acordo com alunos contactados pelo jornal universitário, foi constituído um segundo grupo de teor mais agressivo, onde alguns estudantes trocaram piadas sobre abuso sexual de crianças – dizendo que era “excitante” – e insultos de cariz racista. Este segundo grupo era de acesso exclusivo, dependente da publicação de imagens ofensivas no primeiro grupo, como uma espécie de praxe virtual.

Cassandra Luca, outra estudante, afirma que a constituição desse segundo grupo foi discutida abertamente. “Apesar de termos entrado em Harvard, não significa que não nos possamos divertir” seria o espírito desse chat, declarou. De acordo com o The Harvard Crimson, as admissões destas alunas não foram revogadas.

Após a universidade ter tido conhecimento das partilhas, dez membros do grupo – denominado “Memes de Harvard para adolescentes burgueses excitados” – receberam cartas da instituição, declarando que a sua admissão tinha sido anulada.

“O Comité de Admissão está desiludido por saber que vários estudantes num chat privado dos alunos que vão entrar em 2021 enviaram mensagens com conteúdo ofensivo”, lê-se na missiva a que o Crimson teve acesso. “Uma vez que é do nosso conhecimento que esteve entre os membros que contribuíram com esse tipo de material para o chat, solicitamos que submeta uma declaração até amanhã ao meio-dia para explicar o seu envolvimento e acções”, diz-se.

O Crimson recorda que, de acordo com os estatutos da universidade, a Comissão de Admissão de Harvard “tem o direito de revogar a admissão de alunos” se o seu comportamento colocar em causa a “honestidade, maturidade ou o carácter moral” do estudante.

Ao jornal estudantil, Luca disse não concordar com a revogação das admissões de estudantes que estavam apenas a fazer “coisas estúpidas”, compreendendo que a intervenção por parte do comité faria sentido se as mensagens visassem a integridade física de grupos ou indivíduos. Zhang, a outra estudante citada, subscreve a decisão da universidade.

De acordo com o The Harvard Crimson, este é o segundo incidente do género nos últimos dois anos na Universidade de Harvard, uma das seis melhores do mundo de acordo com os principais rankings académicos internacionais.

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