Jane Birkin canta Gainsbourg nos jardins da Gulbenkian

A intérprete de Je t'aime... moi non plus, a cabo-verdiana Mayra Andrade e a brasileira Roberta Sá são alguns dos artistas que vão passar pelo Jardim de Verão da fundação, cuja segunda edição termina a 20 de Julho com a fadista Gisela João.

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Nico Bustos

Concertos de Jane Birkin, Mayra Andrade, Roberta Sá ou Bonga, um extenso ciclo de filmes portugueses e um programa evocativo do centenário da Primeira Guerra Mundial são algumas das propostas da Gulbenkian para o seu Jardim de Verão, que arranca no próximo dia 23 com uma conversa ao vivo do romancista e cronista Rui Cardoso Martins com o escritor e fotógrafo libanês Rawi Hage, que se revelou em 2006 com o premiado romance De Niro’s Game, editado pela Civilização com o título Como a Raiva ao Vento. Rawi emigrou aos 18 anos para os Estados Unidos e vive hoje no Canadá, e o diálogo com Cardoso Martins centrar-se-á nessa experiência de chegada a um outro mundo.

Com um programa bastante concentrado nos fins-de-semana, esta segunda edição do Jardim de Verão – um projecto inaugurado em 2016 para celebrar os 60 anos da fundação – decorre até 20 de Julho e tem um dos seus pontos altos a 14 desse mês (aniversário da Tomada da Bastilha) com Birkin: Gainsbourg Sinfónico, um concerto no anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian que revisitará em versão sinfónica, com arranjos para orquestra do pianista japonês Nobuyuki Nakajima, uma escolha dos temas clássicos de Serge Gainsbourg, cantados pela sua mais icónica intérprete, Jane Birkin, com quem o autor de La Javanaise manteve uma muito comentada relação ao longo de toda a década de 70. La chanson de Prévert, Requiem pour un con ou Initiales BB são alguns dos temas confirmados no reportório deste concerto, que terá a colaboração da Orquestra da Gulbenkian, dirigida por Jan Wierzba.

O restante programa musical aposta sobretudo nas vozes lusófonas. A brasileira Roberta Sá abre o primeiro fim-de-semana, no dia 24 de Junho, com um concerto centrado no seu último álbum, Delírio (2015), que inclui temas inéditos de Adriana Calcanhotto ou Moreno Veloso e duetos com Chico Buarque, Martinho da Vila ou António Zambujo, com quem a cantora gravou Covardia. No dia seguinte é a pop tropical da cabo-verdiana Mayra Andrade que anima o anfiteatro ao ar livre da Gulbenkian, e seguem-se o veterano cantor angolano Bonga (30 de Junho), Eneida Marta (15 de Julho), uma guineense que cruza o gumbé com o jazz, e Gisela João (20 de Julho), num concerto de encerramento de entrada gratuita que terá lugar no Grande Auditório.

No domínio da música, a programação inclui ainda uma digressão pelas sonoridades do Médio Oriente, com os espectáculos da Cairo Jazz Station (29 de Junho) – um grupo multinacional formado pelo egípcio Abdallah Abozekry (saz), o turco Ismail Altunbas (percussão), o português João Barradas (acordeão) e o italiano Loris Lari (contrabaixo) – e do Secret Trio (7 de Julho), agrupamento que reinventa a música tradicional arménia, turca e romena.

Um núcleo importante do programa deste ano do Jardim de Verão é o dedicado ao cinema português, com a exibição de uma série de filmes que a fundação apoiou, quase todos realizados nos últimos dez anos. O ciclo A Gulbenkian e o Cinema Português, comissariado por Miguel Valverde, abre com Twenty-one-Twelve, um projecto de Marco Martins e do artista plástico Michelangelo Pistoletto, e inclui obras de Filipa César, Filipa Reis, Gabriel Abrantes, João Miller Guerra, João Niza, João Pedro Rodrigues, João Salaviza, João Viana, Leonor Noivo, Leonor Teles, Marco Martins, Miguel Gomes, Patrick Mendes, Pedro Peralta, Pedro Pinho, Sérgio da Costa, Susana Nobre e Tomás Baltazar.

Assinalando o centenário da guerra de 1914-1918, a Gulbenkian associou ainda a este Jardim de Verão um programa que pretende mostrar e discutir os efeitos do conflito no Portugal da I República. A exposição Tudo se Desmorona: Impactos Culturais da Grande Guerra, comissariada por Pedro Oliveira, Carlos Silveira e Ana Vasconcelos, é inaugurada no dia 30 de Julho, culminando o colóquio internacional de três dias Ninguém Sabe que Coisa Quer: A Grande Guerra e a Crise dos Cânones Culturais Portugueses. Iniciativas a que se juntam o ciclo de cinema Imagens da Grande Guerra e a leitura encenada de Pra Um País Tão Pequeno, um espectáculo encenado por Tiago Torres da Silva a partir de letras de fados, quadros de revista e outros textos do início do século XX alusivos ao conflito.

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