Palavras, expressões e algumas irritações: clima

O clima não anda bom. Nem na atmosfera nem nas relações internacionais.

Explica um dicionário enciclopédico que “clima” corresponde ao “conjunto de fenómenos meteorológicos que caracterizam um determinado lugar, região ou país pela influência que exercem sobre os seres organizados”. Acrescenta ainda ser o mesmo que “ambiente”, “meio”.

Um dicionário comum oferece definições que vão para além das “condições meteorológicas”, falando também em “atmosfera social, psicológica e moral”.

O clima não anda bom. Nem na atmosfera nem nas relações internacionais. “Trump tira EUA do Acordo do Clima, por ser ‘um mau negócio’” foi o título de uma notícia de quinta-feira, em que se explicava: “Presidente diz que quer voltar a negociar um pacto climático, ‘mais justo’ para os contribuintes norte-americanos. O resto do mundo critica a acção unilateral.”

O Acordo de Paris pode não ser perfeito nem inteiramente justo (não pelos motivos invocados por Donald Trump), mas é o melhor compromisso que temos para ir travando o aquecimento global.

A Organização Meteorológica das Nações Unidas informou que “a retirada dos EUA do acordo climático de Paris poderá significar, no pior dos cenários, um aumento de 0,3 graus Celsius das temperaturas globais até ao final do século”.

Alguma esperança nasceu com a “aliança climática”, assinada pelos estados da Califórnia, Nova Iorque e Washington, que vão continuar a respeitar os limites previstos por Paris. 

Será que a responsabilidade dos poderosos pelo retrocesso de compromissos que nos afectam a todos não poderá ser considerada “crime contra a humanidade”?

O dicionário regista ainda a frase “música ambiente para criar clima”. Um exemplo de definição feliz: “Estado de coisas ou ambiente humano favorável.” O mundo precisa disso.

Palavras, expressões e algumas irritações é uma rubrica do P2, caderno de domingo do PÚBLICO

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