UNESCO preocupada com o branqueamento da Grande Barreira de Coral australiana

Organização pediu ao Governo que trabalhe mais depressa para garantir a qualidade da água na região.

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A barreira tem 2300 quilómetros de extensão DAVID GRAY/REUTERS

A UNESCO está “seriamente preocupada” com o branqueamento dos corais da Grande Barreira australiana e pediu ao Governo que trabalhe mais depressa para garantir a qualidade da água na região.

Num projecto de relatório para o Comité do Património Mundial publicado em Paris sobre o estado de conservação dos imóveis classificados, a Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO) afirma que “a mudança climática continua a ser a ameaça mais significativa para o futuro” do coral com 2300 quilómetros de extensão.

“Recomenda-se que o comité expresse a sua séria preocupação com o branqueamento e a mortalidade que ocorreram no coral” nos dois verões anteriores. A UNESCO também criticou o Governo australiano, considerando que “o progresso no sentido de melhorar a qualidade da água tem sido lento”.

A agência recomenda que a Austrália seja referida no relatório final para que “acelere os esforços para atingir os objectivos de qualidade” num plano de conservação.

O Governo planeia melhorar a qualidade da água reduzindo o escoamento agrícola de fertilizantes e pesticidas e o número de árvores ao longo da costa do estado de Queensland.

Um estudo publicado na revista Nature, em Março, revelou que 91% do recife tinha sido branqueado pelo menos uma vez durante os últimos três eventos que se registaram nas últimas duas décadas, o mais grave no ano passado.

O ciclone Debbie, no final de Março, veio agravar ainda mais o branqueamento de corais. A parte norte da barreira já tinha sido afectada por este fenómeno em 2016 e, agora, não só essa região voltou a ser atingida como se alastrou principalmente para a parte central. Quase dois terços da Grande Barreira de Coral estão assim a ficar brancos porque as microalgas que vivem com eles se foram embora e, por isso, os corais estão em situação crítica.

Observado pela primeira vez nos anos 80, o branqueamento em massa dos corais aconteceu em 1998, em 2002 e em 2016. O branqueamento dos corais ocorre quando a água do mar aquece mais do que seria de esperar. Devido a isso, as algas que vivem em simbiose com os corais, e que lhes dão cor, começam a produzir substâncias tóxicas e deixam de fazer a fotossíntese. Os corais expulsam as algas e a cor esbranquiçada do seu esqueleto fica visível. Além de os deixar esbranquiçados, este fenómeno pode levá-los à morte. 

Em 2017, já foram observados cerca de 800 recifes de corais individuais numa área de 8000 quilómetros, em levantamentos aéreos, além de mergulhos. Verificou-se que o branqueamento está a afectar também os corais que, na parte norte, tinham conseguido escapar ao branqueamento de 2016 e agora alastrou-se para o centro da Grande Barreira de Coral, a mais atingida em 2017.

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