Iniciativa de cidadãos leva a classificação do património da antiga CUF no Barreiro

Direcção geral do património quer ver classificado conjunto de património arquitectónico ligado à indústria química e à obra social da antiga empresa de Alfredo da Silva, que considera “raro”. Antigo posto médico não está na lista dos edifícios a preservar.

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A Direcção Geral do Património Cultural (DGPC) iniciou o procedimento para a classificação como de interesse público vários edifícios do antigo complexo da Companhia União Fabril (CUF), no Barreiro, considerando que se trata de um conjunto raro, ligado à actividade industrial e à obra social da antiga empresa de Alfredo da Silva.

A DGCPC fundamenta o despacho (de dia 8 deste mês e para publicação em Diário da República nos próximos dias) de abertura de procedimento com a “importância deste raro Conjunto de Património Arquitectónico ligado à indústria química, pioneiro entre nós”, destacando “a importância histórica e de vivências sociais associadas a uma das indústrias e empresas (CUF) mais relevantes da indústria química em Portugal, bem como a raridade de algumas soluções arquitectónicas”, sublinhando ainda a “grandeza deste empreendimento.”

Os edifícios a classificar, segundo a DGPC são a Casa Museu Alfredo da Silva, o antigo posto da Guarda Nacional Republicana (GNR) que existia no interior da fábrica, o Museu Industrial e Centro de Documentação (já instalado na antiga central diesel 1928-1937), o Bairro Operário de Santa Bárbara, o Mausóleo de Alfredo da Silva, edifícios da primeira geração Stinville (1907-1917), a antiga central a vapor, armazém de descarga e moagem de pirites, silo de sulfato de amónio (1952) e silo de enxofre (1960).

Uma lista que não inclui o edifício que levou à iniciativa de um grupo de cidadãos a solicitar a intervenção da DGPC: o antigo posto médico da CUF que está em vias de demolição no âmbito do projecto de requalificação da Rua da União.

A obra já em curso, no valor de 1,2 milhões de euros, financiados pela Baia do Tejo, empresa do universo da Parpública que gere o parque industrial do Barreiro, passa pela demolição de um quarteirão de edifícios e dos muros que confinam esta antiga rua.

A proposta de preservação não inclui o posto médico “por o adiantado estado de degradação não o justificar”, refere o parecer da DGPC, de 03 de Maio, a que o PÚBLICO, teve acesso.  

Todo o património agora em vias de classificação está em território sob gestão da Baia do Tejo, embora um dos locais abrangidos, a antiga fábrica de sabão, esteja entregue, em direito de superfície, a uma empresa privada, do grupo Sovena.

Tanto a administração da empresa como a Câmara do Barreiro garantem estar de acordo com a classificação deste património.

O autarca Carlos Humberto de Carvalho diz que o município tinha “intenção” de avançar para o pedido de classificação mas que ainda não o tinha feito por não ter sido ainda oportuno. “Era nossa convicção que não se devia avançar enquanto o Plano de Urbanização [de 2010, para aquela área] não definisse todos os aspectos e parâmetros”, disse o presidente da autarquia num encontro com conversa com os jornalistas, esta quinta-feira.

Por parte da Baia do Tejo, o administrador Sérgio Saraiva, disse também que tanto a empresa como a autarquia sabiam que “mais cedo ou mais tarde” a questão de classificação iria colocar-se e garantiu que se trata apenas de uma “formalização” da “preocupação” que a administração já tinha com a preservação do património.

Sérgio saraiva sublinha que uma parte dos edifícios indicados pela DGPC já foram objecto de investimento e reabilitação por parte da Baia do Tejo. O administrador deu os exemplos do Museu Industrial, do Bairro Operário de Santa Bárbara, que já foram requalificados e da Casa Museu Alfredo da Silva e do posto da GNR que integram as intervenções de recuperação previstas na obra em curso.

O presidente da Baia do Tejo acrescenta que o projecto urbanístico que a empresa está a desenvolver vai agradar à população. “No momento em que os barreirenses virem o que está a ser feito, vai ser consensual porque é a devolução definitiva do território [industrial] à cidade”, afirmou.

A requalificação da Rua da União vai criar uma nova avenida, com áreas pedonais, além das rodoviárias, num “grande corredor verde”, como repetiram autarca e administradores, que abre os terrenos do antigo complexo industrial ao centro histórico do Barreiro.

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