Credores da Prisa contratam banco para forçar recuperação

Estratégia de salvação do grupo espanhol poderá passar por venda da Media Capital, avança o “El Confidencial”, que avalia entre 400 e 450 milhões a receita possível a obter com a alienação da dona da TVI.

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NFS - Nuno Ferreira Santos

Os maiores credores do grupo de media espanhol Prisa, dono da portuguesa Media Capital, entre os quais os bancos HSBC e BNP Paribas, contrataram a instituição Houlihan Lokey, que esteve na solução encontrada para a recuperação da Abengoa, o maior resgate empresarial da história recente de Espanha.  

A notícia, avançada pelo site espanhol especializado em economia “El Confidencial”, recupera o valor total da dívida conhecida da Prisa, de 1480 milhões de euros, e contabiliza em 1000 milhões de euros o valor que HSBC, BNP Paribas e os hedge funds Angelo Gordon, Avenue e Occ Ziff Capital Management detêm.

Foi este grupo de credores que decidiu agora contratar, diz o El Confidencial, um dos maiores bancos em processos de resgate de empresas em situações de insolvência, o Houlihan Lokey.

O site noticioso espanhol adianta que, segundo fontes próximas do grupo de credores, a solução para “salvar” a Prisa de entrar em incumprimento a médio prazo passa por Portugal. “Segundo fontes próximas destes credores”, escreve o El Confidencial, “a solução para garantir a viabilidade da Prisa passa pela venda da Media Capital, a sua filial portuguesa de televisão, e pela realização de um aumento de capital”.

Pela alienação da Media Capital, dona da TVI e da Rádio Comercial, avança ainda o meio espanhol, o grupo Prisa “poderia obter entre 400 e 450 milhões de euros, o que lhe permitiria a reduzir a dívida para entre mil e 1100 milhões de euros”.

Contudo, alerta o El Confidencial, o negócio teria um efeito de redução do EBITDA (resultado antes de juros, impostos, depreciação e amortização) em 42 milhões de euros, para 240 a 250 milhões de euros – o que colocaria a relação entre a dívida bancária e o resultado de exploração com um rácio superior a quatro vezes.

Embora a proporção prevista com a venda, a concretizar-se, melhoraria o actual rácio dívida/EBITDA (hoje nas 5,3 vezes), o número ainda estaria demasiado elevado para os credores. E poderia requerer um aumento de capital adicional, com eventual diluição dos actuais accionistas, a saber: Telefónica, Caixabank (dono do BPI) e Santander.

Ao suspender a venda do grupo editorial Santillana na passada semana, conforme anunciou ao mercado, a administração da Prisa liderada por Juan Luís Cebrián ficou em situação mais frágil perante os credores para conseguir resolver o problema da dívida e da estrutura de capital da dona da Media Capital e do jornal El País.

No currículo, o banco Houlihan Lokey tem os processos da Abengoa, Panrico e Erosky. Actualmente tem em mãos as dívidas das Isolux, Cortefiel e o fim da concessão da alta velocidade à ACS.

Em Madrid, as acções da Prisa negociavam nos 2,08 euros (a recuar 0,04%) e em Lisboa, os títulos da Media Capital avançavam 0,01%, para 2,51 euros. 

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