A verdadeira fraternidade

Os irmãos estão sempre presentes no universo da vida de cada pessoa.

Desde há muito se celebra, no mundo todo, o Dia da Mãe, o Dia do Pai e muitos outros dias que marcam uma preocupação nas relações humanas na sociedade. Faltava certamente o Dia dos Irmãos.

Quando se fala da fraternidade, tem-se presente uma cadeia imensa de relações que envolve os irmãos de sangue, mas se refere também a inúmeros companheiros que se dão as mãos, para num caminho comum conseguirem ser mais felizes. Nas comunidades cristãs, sempre as pessoas se trataram por irmãos. Nas muitas confrarias, sejam relativas a uma actividade de natureza económica, profissional ou outra, a participação permite sentir que todos são irmãos. Nas Misericórdias, que tanto bem fazem nas comunidades humanas, ser irmão é um estatuto que se reconhece e que facilita uma proximidade de partilha constante, na caridade.

O máximo, porém, desta relação fraterna foi afirmado pelo Papa Paulo VI, numa mensagem do Dia da Paz. Dizia o Papa, como slogan para essa data: “Cada homem é meu irmão.”

Poderá perguntar-se quais as características da fraternidade que acontece em todas estas situações. Não são muitas, mas são fortes: os laços comuns de sangue, com o mesmo pai e a mesma mãe e os irmãos; a proximidade, com a alegria do encontro, com a preocupação pelo outro, a família comum em benefício de todos; a entreajuda, sobretudo em situações de dificuldade, quando os laços de fraternidade são mais fortes; a partilha de bens ou de outra natureza, uma vez que o sofrimento de um irmão é meu sofrimento também. Os irmãos estão sempre presentes no universo da vida de cada pessoa.

A mais importante relação fraterna é certamente a que se estabelece na família a partir do amor de um homem e de uma mulher. O par humano vai construindo a família, ao aceitar os filhos que programou, ao educá-los nos valores humanos fundamentais, a verdade, a justiça, a liberdade e o amor, ao indicar-lhes o caminho de Deus como referência constante. Como é bela uma família em que um número significativo de irmãos se entreajudam, e com apoio recíproco constroem um elo de relação que aponta para a felicidade de todos.

Nas primeiras comunidades cristãs, os seguidores de Cristo Ressuscitado também se tratavam como irmãos na fé e na vida. Foi em Jerusalém que cresceu a primeira comunidade. Ali, todos estavam unidos na doutrina dos Apóstolos, na fracção do pão, na oração. E tudo o que tinham era posto em comum, não havendo necessitados entre eles. Por isso aumentava cada vez mais os que entravam naquela comunidade.

Às vezes, as relações entre irmãos podem sofrer dificuldades. Práticas religiosas diferentes, opções políticas antagónicas, atitudes fracturantes dão tantas vezes origem ao corte de relações. Quando os interesses são radicais, sobretudo em questões de heranças, criam-se inimizades impressionantes entre irmãos de sangue que os levam a ficar longe durante dezenas de anos. É tempo de experimentar gestos de reconciliação. Tomar a iniciativa de ir ao encontro do outro, e até mesmo de pedir perdão, é atitude de extraordinária dignidade, que só pessoas com grande carácter são capazes de assumir. O perdão, pela reconciliação até à unidade, é a expressão máxima da fraternidade.

Neste Dia Mundial dos Irmãos, 31 de Maio, é preciso recriar o universo da ternura que manteve os irmãos desde criança sempre próximos e a ajudarem-se uns aos outros.

Passam os anos, cada um dos irmãos segue o seu caminho, prepara-se profissionalmente, constrói uma família, cria uma roda de amigos; a referência fundamental, porém, são os irmãos em quem pode confiar sempre. O retorno à família dos pais, o sentarem-se todos na mesa comum, o conversarem juntos à lareira, contando episódios que já tinham esquecido, tudo isto cultiva a fraternidade que é indispensável para que as pessoas tenham na sua família original a referência da felicidade procurada.

Vamos com alegria celebrar o Dia Mundial dos Irmãos.

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