Meio milhão de euros para minimizar impactos de dois milhões de festivaleiros

São 18 os festivais de Verão que se candidataram a apoios ao programa "Sê-lo verde", uma iniciativa do Ministério do Ambiente para para apoiar projectos de redução dos impactos ambientais em 18 festivais que se organizam este Verão por todo o pais.

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Paulo Pimenta

O Fundo Ambiental, instrumento financeiro gerido pelo Ministerio do Ambiente, vai disponibilizar 472 mil euros para apoiar projectos de redução dos impactos ambientais em 18 festivais que se organizam este Verão por todo o país. São quase meio milhão de euros para reduzir os impactos sobre o ambiente por parte de dois milhões de espectadores. É desse volume de participação quando estamos a falar dos festivais de verão em Portugal, e o Ministério do Ambiente colocou à disposição dos promotores verbas do Fundo Ambiental para ajudar a minimizar os impactos. Os contratos com os promotores e organizadores de 18 festivais são assinados esta quarta feira.

Os apoios resultam da avaliação das candidaturas ao programa “Sê-lo Verde”. Aliás, a utilização deste “selo” fará parte integrante da imagem comunicacional de cada um dos festivais apoiados. Entre eles estão os festivais NOS Primavera Sound, Meo Marés Vivas, Vodafone Paredes de Coura, Rodellus Music Fest, Flower Power Festival ou o Museum Festum.

De acordo com o regulamento do programa, o “Sê-lo Verde” financia medidas em quatro vectores ambientais: Recursos, Energia, Emissões e Educação, até um montante de 20 mil euros por acção e um montante máximo de 50 mil euros por festival. Os objectivos passam pelo incentivo à adopção de "abordagens inovadoras e de critérios ambientais que contribuam para uma redução de impactos e promovam o uso eficiente de recursos".

De acordo com o Ministério do Ambiente as candidaturas revelam “a consciência ambiental dos seus promotores". “Afinal, música e ambiente podem andar lado a lado”, escreve o ministério tutelado por João Pedro Matos Fernandes, na nota que dá conta da assinatura dos contratos. Na cerimónia estarão também o ministro da Cultura, Luís Filipe Castro Mendes, e a Secretária de Estado do Turismo, Ana Mendes Godinho.

“Estes eventos podem ser um importante veículo de dinamização das políticas ambientais, conduzindo a uma redução da pegada ecológica e alertando para uma maior consciência ambiental”, reforça o Ministério do Ambiente.

O festival Vodafone Paredes de Coura e o NOS Primavera Sound foram aqueles que conseguiram a aprovação das candidaturas de maior montante. No caso do Primavera Sound, já na última edição tinha havido lugar a acções de minimização de impacto ambiental, como a criação de um Bike Park ou a utilização de copos recicláveis. Este ano, e na edição que arranca já na próxima semana, entre os dias 8 e 10 de Junho, a equipa da PicNic, Produções com alguns parceiros estratégicos, como a empresa de ambiente Ecovisão, a Lipor e a Câmara Municipal do Porto, viram aprovadas medidas em três vectores.

Assim, em toda a área da restauração haverá embalagens biodegradáveis, livres de plásticos na sua composição e com matérias primas 100% de origem vegetal, permitindo baixar emissões de CO2. O destino final das embalagens poderá ser a compostagem industrial, confirmou ao PÚBLICO Maria João Martins, administradora da Ecovisão. Outra das medidas passa pela oferta de brindes “mais eco-sustentáveis”, por exemplo, cinzeiros portáteis para a correcta deposição das beatas dos cigarros, ou  lápis de sementes e seed bombs (feitas de argila, composto e sementes), fáceis de semear em qualquer lugar, alertando e sensibilizando para a problemática da desflorestação. No vector emissões pode ser sublinhada a decisão de ligar todas as casas de banho à rede de saneamento público.

Uma das componentes mais ambiciosas neste festival vai, no entanto, para o vector educação, através do qual decorrerão diversas acções de sensibilização ambiental. Exemplos? Elaboração de um regulamento e guia de boas práticas ambientais (disponível para fornecedores e parceiros do festival); prémios para o operador de área da restauração com melhor desempenho ambiental; utilização de QR codes, que direccionarão para um website com noticias actualizadas relativas às actividades, informação sobre quantidades de resíduos produzidas e recolhidas e um concurso de fotografia aberto a todas as pessoas que frequentarem o festival, baseado nas boas práticas ambientais.

A Ecovisão, parceira ambiental também do Vodafone Paredes de Coura, vai replicar todas estas mesmas medidas no festival minhoto, que vai na vigésima edição. Tal como no festival portuense, a equipa da Ritmos e a Câmara Municipal conseguiram também a aprovação de todas aquelas medidas, podendo, ainda, ser sublinhada a organização de tertúlias ambientais, como um fórum de discussão e reflexão.

Após a desmontagem, terá de ser feito um relatório e uma compilação de registos e documentos. “Cada acção tem indicadores que têm que ser monitorizados e este relatório tem de ser enviado para o Fundo Ambiental”, confirmou Maria João Martins.

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