Espanha e Portugal: o momento de fortalecer os vínculos e a ação conjunta

Juntos, hoje temos a oportunidade de liderar o movimento de união no Sul.

“A geografia fez-nos vizinhos. A história tornou-nos amigos. A economia tornou-nos sócios e a necessidade fez-nos aliados. Aqueles a quem Deus criou tão próximos, que homem algum os separe.” A frase histórica que John F. Kennedy proclamou ao Parlamento canadiense em 1961 é perfeitamente aplicável à situação atual entre dois eternos vizinhos, amigos, sócios e aliados: Espanha e Portugal.

Nestes dias, o presidente do Governo espanhol, Mariano Rajoy, e o primeiro-ministro português, António Costa, encontraram-se para celebrar a XXIX Cimeira Bilateral nas margens do Douro. Fazem-no num tempo de retrocessos e incertezas para o projeto de uma Europa unida, uma vez que, apesar dos seus êxitos inegáveis, a União Europeia atravessa uma das piores crises da sua história, principalmente devido à recente saída do Reino Unido da União — um dos principais temas a serem discutidos durante este encontro.

As consequências da rutura com a UE são, contudo, impossíveis de quantificar na medida em que dependem de questões de ordem política, do tempos e de como se irá desenvolver o processo e as negociações. No entanto, e apesar de ainda nos encontramos numa “fase de pré-aquecimento”, é momento de refletir sobre a necessidade de colaboração e união da Península Ibéria para fortalecer a posição do Sul frente a um Norte mais dececionado com a ideia da Europa.

As relações entre ambos os países seguiram um percurso de constante intensificação. No entanto, após a crise que ambos sofreram, a sua relação saiu reforçada e iniciou-se um novo ciclo de confiança mútua e projetos comuns.

Para além disso, na parte económica, começámos a nossa recuperação. O Fundo Monetário Internacional (FMI) melhorou a sua previsão de crescimento para 2017 até aos 2,6%, no caso de Espanha, e até 1,7% para a economia lusa.

Por esta razão, Espanha e Portugal devem ser sócios estratégicos, fazer uso das suas capacidades complementares para alcançar objetivos mais globais, retomando o espírito que os conduziu à integração na UE e a contagiar aqueles que parecem atravessar um momento de crise de fé.

A integração de Espanha e Portugal na União Europeia foi uma longa jornada que culminou a 12 de junho de 1985. Foi o processo de adesão mais longo de toda a história da UE. Tivemos de superar vários obstáculos para sermos integrados mas hoje temos a oportunidade de liderar o movimento de união no Sul.

A história criou-nos juntos e os laços entre os dois países progrediram de uma forma tão admirável que, perante as circunstâncias atuais, é imperativo avançar e chegar mais longe.

O autor escreve segundo as normas do novo Acordo Ortográfico

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