"Playboy World" revela mulheres "em pleno controlo da sua sexualidade"

©Ana Dias
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A fotógrafa Ana Dias, cujo perfil o P3 traçou no início de 2013, continua a dar cartas no mundo da fotografia erótica — não fosse a sua casa a revista Playboy. A portuense de 32 anos é colaboradora da famosa revista há cinco anos e já fotografou para as edições de 21 países, entre eles Portugal, Holanda, Rússia, Alemanha, Estados Unidos, Brasil ou Africa do Sul. A propósito da exposição "Playboy World", que inaugura a 1 de Junho de 2017 no Casino Figueira, o P3 entrevistou a fotógrafa e colocou questões sobre temas como os bastidores, a sua relação com a empresa Playboy e a sua filosofia, o feminismo e a objectificação do corpo feminino. "Acredito que, por ser mulher, tenho uma visão particular do corpo feminino. Compreendo as formas e as linhas do corpo e sei o que favorece uma modelo em termos de pose e de atitude. Por outro lado, sendo uma mulher que fotografa mulheres, existe uma maior facilidade em dirigir a modelo porque não há entre nós uma tensão sexual. Assim é mais fácil estabelecer uma relação de confiança, o que ajuda na fotografia. Acho, portanto, que sendo mulher tenho algumas vantagens." Ir de encontro ao imaginário masculino não é uma prioridade, para Ana Dias. "Isso não é realmente algo em que pense. Enquanto artista, o meu objetivo é captar aquilo que eu, pessoalmente, idealizo, independentemente do que é tido como apetecível pelo público. Eu própria tenho a minha visão de beleza e é esse ideal que procuro captar em imagens. Geralmente tenho total liberdade na escolha das modelos, dos cenários e de todos os elementos da produção. Assim, o resultado do trabalho reflete exatamente aquilo que eu, pessoalmente, aprecio em termos estéticos. Os mundos que fotografo nascem na minha imaginação." Para Ana, "fazer parte da equipa Playboy é um enorme prazer e uma honra". "O coelhinho é uma das imagens de marca mais reconhecidas em qualquer parte do mundo, tal como a Nike ou a Coca-Cola, e poder contribuir, nem que seja um pouco, para a sua história enche-me de orgulho. Até por que, a história da Playboy vai muito para além da fotografia erótica. Para as páginas da revista já escreveram Ian Fleming, Vladimir Nabokov, Gabriel García Márquez, Jack Kerouac e até o Salvador Dalí já foi colaborador da Playboy!" A revista Playboy, em Outubro de 2013, considerou "passé" imagens que contêm nudez integral e, por esse motivo, durante um ano fez a experiência de bani-las das suas páginas. Alguns movimentos de defesa dos direitos das mulheres celebraram esta decisão e consideraram-na um passo em frente no que concerne a não-objectificação do corpo feminino. Questionada sobre o tema, Ana responde em conformidade com a posição oficial da revista: "Naked is normal".  "Fiquei muito feliz com a notícia [do regresso da nudez integral à Playboy]. Há movimentos que consideram a nudez um problema, mas eu não vejo as coisas assim. Para mim nudez é beleza. Não há nada mais sublime que o corpo humano, e poder mostrá-lo, sem tabus, de forma a valorizá-lo parece-me muito libertador! Se alguém tem vontade de mostrar o seu corpo, de forma livre, e se isso lhe traz felicidade, não vejo qual é o problema."

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