Terminou o prazo para consultar o processo de Balsa, as reclamações vão até Junho

O relatório científico sobre os últimos vestígios arqueológicos ainda não é conhecido, mas sabe-se que a estrutura principal da antiga cidade romana ainda está enterrada.

Foto
Na Quinta de Torre D'Aires estão muitos vestígios de Balsa DR

O prazo de consulta publica do processo para alargar a Zona Especial de Protecção (ZEP) da cidade romana de Balsa, em Tavira, termina nesta quarta-feira. Os interessados em apresentar reclamações à proposta, publicada em Diário da República no dia 9 de Maio, poderão no entanto fazê-lo até ao dia 23 de Junho. Até agora, quem pediu esclarecimentos, apurou o PÚBLICO junto da Direcção Regional de Cultura (DRA), foram apenas três advogados.

Na base do processo aberto pela Direcção-Geral do Património Cultural está um levantamento georeferenciado da estação arqueológica, pedido pela DRA, tendo em conta os vestígios que tem vindo a ser encontrados nesta zona do litoral, junto à ria Formosa. Por isso, é proposto o alargamento da ZEP de 53 hectares para 233 hectares, ao mesmo tempo que é pedido uma revisão da classificação para Sítio de Interesse Público (SIP).

Os mais recentes trabalhos de prospecção, levados a cabo pela empresa de arqueologia Archaeafactory, vieram confirmar a importância histórica do sitio. “Não dá dúvida, consultando todas as fontes, que Balsa se situa entre Torre d´Aires, Arroio e Antas", disse ao PÚBLICO Vítor Dias, um dos arqueólogos responsáveis pela direcção cientifica das últimas prospecções.  

O regresso dos investigadores a este território deu-se na sequência de um projecto e exploração agrícola, em Torre d´Aires, levado a cabo por uma empresa espanhola. As estufas que iriam produzir framboesas foram, entretanto, desmanteladas. O trabalho de pesquisa cientifica, que custou 40 mil euros, foi pago pelos promotores agrícolas. Embora o relatório sobre as prospecções ainda não esteja concluído, Vitor Dias adiantou: “Os níveis arqueológicos estão abaixo da afectação mecânica [agrícola]”. 

Balsa foi uma importante cidade romana – à época, mais importante que Lisboa ou Évora. Descoberta no século XIX, por Estácio da Veiga, encontra-se em larga medida por estudar. O Museu Nacional de Arqueologia, em Lisboa, conserva uma importante colecção de cerâmica ali encontrada, mas sabe-se que lá ainda existem moedas, edifícios com mosaicos, balneários e tanques de salga de peixe. “A maior colecção da época romana, no Museu Nacional de Arqueologia, provém de Balsa”, enfatiza Cristina Garcia, uma das arqueólogas que estudou a zona, no final dos anos 80, ao serviço do Parque Natural da Ria Formosa. 

Sugerir correcção
Comentar