Borussia e Tuchel, o divórcio após um “longo processo”
Treinador ainda tinha mais uma época de contrato. Receberá indemnização estimada em 2,9 milhões
No sábado havia sorrisos, abraços e celebrações – o Borussia Dortmund tinha conquistado a Taça da Alemanha, o primeiro troféu do clube em três anos. Menos de 72 horas depois, em comunicado, era anunciada a saída do treinador Thomas Tuchel: “O Borussia Dortmund não entrará em detalhes sobre as razões para esta separação, que resulta de um processo continuado e que mereceu o apoio de todos os corpos sociais”, podia ler-se.
Mas os detalhes acabariam por surgir dadas as críticas dos adeptos ao despedimento do técnico: “Há valores fundamentais como a confiança e o respeito. A capacidade de comunicar e trabalhar em equipa, a fiabilidade e lealdade. Com Thomas Tuchel vivemos dois anos de sucesso, mas não são só os resultados que importam. Nem sempre houve sintonia entre a direcção e a equipa técnica”, afirmou em comunicado o director-desportivo do Borussia, Hans-Joachim Watzke, acrescentando: “Infelizmente, deixámos de acreditar que a equipa técnica nos desse bases para uma colaboração futura assente na confiança.”
As relações entre Thomas Tuchel, que há dois anos chegara ao Borussia para substituir Jürgen Klopp, e Hans-Joachim Watzke estariam a degradar-se há algum tempo. No ano passado o clube deixou sair três dos jogadores mais importantes (Mkhitaryan, Gündogan e Hummels). Já esta época, o mal-estar foi evidente na sequência do ataque com engenhos explosivos ao autocarro da equipa, antes do jogo dos quartos-de-final da Liga dos Campeões com o Mónaco. O jogo foi adiado para o dia seguinte, aparentemente sem que os responsáveis técnicos tivessem sido consultados.
Segundo o jornal alemão Bild, Thomas Tuchel, de 43 anos, vai receber uma indemnização de 2,9 milhões de euros. “Estou grato por dois anos bonitos, intensos e entusiasmantes. É pena que não continuemos. Obrigado aos adeptos, à equipa, ao staff e a todos os que nos apoiaram. Desejo o melhor ao Borussia”, escreveu o técnico na rede social Twitter.
Apontado como um dos mais promissores treinadores do futebol mundial (chegou a ser falado como possível sucessor de Arsène Wenger no Arsenal), Tuchel sentiu dificuldade em conquistar a empatia dos adeptos do Borussia e estabelecer uma relação emocional com eles. Para além de ter sofrido sempre com a comparação com Klopp – se este conquistava as bancadas com o seu magnetismo e até costumava beber cerveja com os adeptos, Tuchel era visto como frio e arrogante. A dúvida se essa postura mais distante se estendia também à direcção ficou agora desfeita.