Inspecção-Geral da Educação investiga alegada homofobia na escola de Vagos

Pais e estudantes dizem estar ao lado das alunas que foram chamadas à atenção por se beijarem em público, no estabelecimento de ensino. Tutela sublinha que “repudia qualquer acto de discriminação”

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Caso está a unir a comunidade estudantil e os pais contra a actuação da direcção da escola Adriano Miranda

O Ministério da Educação quer apurar as circunstâncias do caso de alegada homofobia registado na Escola Secundária de Vagos, em Aveiro, e que, tal como o PÚBLICO testemunhou nesta quinta-feira, às portas daquele estabelecimento de ensino, está a unir toda a comunidade estudantil. E não só. Há pais que garantem estar ao lado da luta dos estudantes “pelo direito à diferença”. Na curta resposta que enviou ao PÚBLICO, o Ministério da Educação também diz repudiar “qualquer acto de discriminação”. E confirma que a Inspecção-Geral de Educação e Ciência já instaurou um inquérito.

O caso foi tornado público depois de um protesto que mobilizou, anteontem, praticamente todos os estudantes daquela escola, em solidariedade para com duas alunas que, depois de alegadamente terem sido vistas a beijarem-se na escola, foram chamadas à direcção para serem informadas de que não se podiam beijar em público. “Surgiu de forma espontânea porque achamos que elas têm de ser tratadas como qualquer casal”, relata Mara, uma aluna do 12.º ano que o PÚBLICO encontrou na manhã desta quinta-feira à porta da escola, com as amigas Rosa e Mara. “Defendemos a igualdade na escola”, prosseguiram, quase que em uníssono.

"Estamos todos unidos nesta luta"

“Estamos todos unidos nesta luta”, acrescentaram as jovens que se mostraram surpreendidas com a repercussão que o caso teve. “Não estávamos à espera que saísse nas notícias, era só o nosso apoio às alunas em questão”, explica Rosa.

Também Diogo e António não têm dúvidas na altura de demonstrar solidariedade para com as duas jovens. “Se deixam um rapaz e uma rapariga beijarem-se porque proíbem quando são duas pessoas do mesmo sexo?”, questiona António, já depois de o seu colega Diogo ter apontado que o único ponto positivo deste episódio foi o facto de “ter sido a única vez que escola esteve toda unida”.

Apesar das várias tentativas do PÚBLICO, a da direcção da escola não prestou esclarecimentos – ao início da manhã os seus responsáveis não estariam no estabelecimento do ensino e ao longo do dia estiveram indisponíveis para atender as chamadas telefónicas. O mesmo aconteceu com a associação de pais, que ainda não respondeu a um pedido de esclarecimentos enviado por mail. Ainda assim, alguns encarregados de educação ouvidos à porta da escola parecem estar ao lado dos alunos. “É uma questão de respeito pela diferença”, defendeu Alice Graça, que tem a filha e uma sobrinha a estudar naquela escola. Outra mãe, que preferiu não se identificar, falou em “liberdade de escolha” para sustentar o seu apoio aos estudantes.

O caso levou o BE a questionar na quarta-feira o Ministério da Educação sobre a alegada posição da direcção da Escola Secundária de Vagos. O partido considera que foi visada especificamente a orientação sexual das alunas e, por isso, quis saber que medidas vai a tutela tomar para impedir “qualquer acto discriminatório por parte desta escola em relação às duas alunas e a toda a comunidade escolar devido à sua orientação sexual”. Também o PS questionou o ministério nesta quinta-feira.

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