Especulação e maior aceitação empurram bitcoin para máximos acima de 2000 euros

As divisas digitais, transaccionadas em bolsas não reguladas, estão em alta. A ether, rival da bitcoin, valorizou 2300% desde o início do ano.

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A aceitação da moeda tem vindo a crescer, ainda que lentamente Reuters/STEPHEN LAM

A divisa digital bitcoin, bem como outras moedas semelhantes, está num pico de procura, com o valor da bitcoin a atingir máximos de mais de dois mil euros. A valorização reflecte os vários sinais de que estas divisas poderão vir a ganhar dimensão e respeitabilidade, bem como o entusiasmo crescente pela tecnologia em que assentam e a perspectiva de ganhos rápidos que as grandes flutuações de valor alimentam.

A bitcoin valia ao final da tarde desta quarta-feira 2240 dólares (2002 euros), de acordo com o preço publicado pela Bolsa de Nova Iorque, que compila diversas fontes. As bitcoins podem ser compradas e vendidas em várias bolsas privadas, que estão à margem dos reguladores, e os preços não são exactamente os mesmos em todas. Numa destas bolsas, a Kraken, com sede nos EUA e operações na Europa e outros pontos do mundo, cada bitcoin valia à mesma hora 2134 euros. Em qualquer dos casos, é uma subida substancial face ao início do ano, quando o preço rondava os 1000 euros.

A valorização da bitcoin, porém, parece diminuta quando comparada com a da rival ether, uma outra divisa digital, mais recente e muito menos conhecida, e que assenta num sistema análogo ao da bitcoin chamado Ethereum (este nome, por vezes, é também usado para designar a moeda). Esta moeda valorizou 2300% desde o início do ano. Isto significa que quem tivesse comprado o equivalente a 100 euros em ethers nessa altura teria agora 2400 euros.

A bitcoin é uma divisa corrente no submundo do crime e dos mercados negros. Os autores do recente ataque WannaCry, por exemplo, exigiam um pagamento em bitcoins para devolverem às vítimas o acesso aos ficheiros encriptados. E os reguladores financeiros continuam a debater-se sobre como abordar a questão. Mas a aceitação de bitcoins como forma de pagamento tem vindo, ainda que lentamente, a disseminar-se. O Japão é um dos países na linha da frente no uso de bitcoins e esta semana uma transportadora aérea daquele país anunciou que passaria a aceitar a moeda digital.

Para além disso, a tecnologia em que assentam divisas como a bitcoin e a ether – chamada blockchain, inventada pelo desconhecido criador da bitcoin – tem atraído a atenção de vários sectores, entre os quais o sector bancário e financeiro, e as firmas de advogados.

O complexo funcionamento de uma blockchain permite manter um registo distribuído das transacções feitas nas respectivas moedas. Em vez de ser necessária uma entidade central que mantenha o registo das transacções e dos donos dos fundos – e na qual todas as partes envolvidas têm de confiar –, estas blockchains assentam na resolução de uma espécie de problema matemático para assegurar a integridade do registo, que todos os participantes na rede contribuem para manter e do qual têm uma cópia. A mesma lógica pode ser aplicada ao registo de outro tipo de bens, como mercadorias (a IBM está a trabalhar com a transportadora Maersk) ou propriedades.

Para além da bitcoin e da ether, há largas dezenas de outras divisas menos conhecidas a ser transaccionadas. Moedas como a litecoin e a ripple também subiram acentuadamente nos últimos dois meses.

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