O Porto já conquistou um lugar no mapa do design europeu

Eduardo Aires, um dos criadores da marca “Porto.”, diz que a cidade “encontra no design uma das suas formas de expressão”.

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PP PAULO PIMENTA

Há quase quatro anos, Eduardo Aires criou, com a sua equipa do atelier White Studio, aquela que é hoje a imagem gráfica do Porto. Tinham o prazo de cerca de um mês para trabalhar, mas bastaram algumas semanas para a ideia ganhar forma. O objectivo passou por mostrar e dar a conhecer o que era o Porto, da forma mais resumida e eficaz possível. “É essa a função do designer”, explica. Assim nasceu o “Porto.”, que deu “identidade, rosto, corpo e forma às múltiplas valências que a cidade vive neste momento”.

Logo à entrada do estúdio que produziu a marca, na Rua Alexandre Braga, no Porto, há uma mesa com várias pessoas ao computador. Ao fundo, no escritório, vê-se uma estante que não passa despercebida. Nela estão pousados vários prémios, dois deles atribuídos ao projecto, em 2015, nos European Design Awards, em Istambul.

Este ano, não é preciso viajar para tão longe para assistir ao evento. Mesmo no coração da cidade do Porto, o mundo do design está reunido para mostrar e partilhar experiências entre jovens designers, designers e directores de arte até esta sexta-feira. A iniciativa foi levada a cabo pela Câmara Municipal do Porto, “o grande motor deste processo de trazer o evento para cá”, depois do projecto ter sido premiado, explica ao PÚBLICO, Eduardo Aires.

O Porto já está no mapa do vinho, do turismo, do desenvolvimento local e começa a ganhar espaço na área do design. Um dos objectivos do evento é afirmar essa posição, considera, acrescentando que a aposta na cultura tem sido crescente e que “o Porto, vivendo um momento único, encontra no design uma das suas formas de expressão”.

O também professor na Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto conta que acaba de chegar do México, onde esteve “a falar para uma audiência de mil pessoas”, que também queria ouvir o que ele tinha para dizer sobre este projecto. Este cenário já se tem repetido em outros países, o que, para ele, significa missão cumprida.

Apesar de colocar o mesmo esforço em todos os projectos que faz, o “Porto.” acabou por ter um impacto maior. Quando questionado sobre o que alterava se fizesse agora o trabalho, Eduardo Aires responde que, “na essência, não alterava absolutamente nada da proposta inicial”, embora haja uma evolução e readaptação que são naturais.

Troca de experiências

Ao Porto, para os European Design Awards, prémios criados há dez anos para distinguir o trabalho dos designers europeus, vêm profissionais e futuros designers de todos os cantos do mundo, incluindo do Médio Oriente, mas os jovens portugueses estão interessados? Para o professor, há alguma desvalorização, mesmo daquilo que, à partida, tem em si mesmo um grande potencial. “Não há bem a consciência da oferta que está a acontecer, do trabalho que houve por trás”, acrescenta.

Eduardo Aires não quer ser negativo, mas admite que é necessário ter uma atitude mais activa: “Não é só criticar, não é só deitar abaixo, dizer mal, é realmente participar, sermos activos, cultivarmo-nos”. Até porque está à porta uma oportunidade de trocar experiências e estabelecer redes de contacto com os melhores do design.

As várias ofertas que a cidade tem dado a conhecer vão ser reveladas na exposição “Design by Porto, Porto by Design: 4 anos de design da Câmara do Porto”, este sábado, pelas 23h30, no Teatro Municipal Rivoli. Aqui encontra-se um conjunto de trabalhos, incluindo a identidade gráfica da cidade do Porto. Ainda antes, esta sexta-feira vão ser realizadas três visitas guiadas pelos estúdios de design na Baixa do Porto.

Texto editado por Ana Fernandes

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